Será sepultada, no fim da tarde desta sexta-feira (1º/4), a auxiliar administrativa Ana Paula Alves, 33 anos, assassinada e incendiada pelo companheiro dentro de casa, em Sobradinho. O crime, ocorrido na noite de quarta-feira (30/3), é tratado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) como feminicídio seguido de suicídio. O autor, Sérgio Avelino, 45, tirou a própria vida após se queimar propositalmente.
Sem velório e com caixão fechado, amigos e familiares se reunirão às 17h no Cemitério de Sobradinho 2 para dar o último adeus a Ana Paula. Uma das irmãs da mulher prestou homenagem nas redes sociais: “Te amo além do infinito. Que Deus te receba com toda alegria que você tinha. Irmã, estou aqui cuidando dos meninos”. Em uma foto tirada em família, a mulher desabafou: “Sempre fomos um pelo outro. Um covarde ceifou sua vida, com uma crueldade que você não merecia”.
A assistente mantinha relação com Sérgio há cerca de dois anos e o casal teve dois filhos, uma menina de 10, e um menino, de 7 anos. Segundo relato de vizinhos, na noite do crime, os irmãos conseguiram sair da casa às pressas antes do incêndio e clamaram por socorro no meio da rua.
Equipes do Corpo de Bombeiros (CBM-DF) foram acionadas e, após quase 25 minutos de combate às chamas e procedimento de rescaldo, os militares encontraram os corpos de Ana e Sérgio queimados no quarto do casal. O cômodo era revestido por cerâmica, o que pode ter facilitado a propagação do fogo e calor, de acordo com a apuração policial.
As investigações conduzidas pela 13ª Delegacia de Polícia (Sobradinho) constataram que Ana Paula estava com as vísceras expostas e o punho fraturado. Já o marido não apresentava nenhuma lesão aparente, o que levantou à suspeita de feminicídio seguido de suicídio. Uma barra de ferro foi encontrada ao lado dos cadáveres. Antes do crime, vizinhos relataram à polícia ter ouvido barulho de briga. “Feito o levantamento, constatamos que o casal nunca havia registrado nenhuma ocorrência. Então, é difícil dizer se vivia em perfeita harmonia. O fato é que nunca foi trazida nenhuma desavença ao conhecimento da delegacia”, ressaltou Hudson Maldonado, delegado-chefe da 13ª DP.
Condenação
Antes de se relacionar com Ana, o motorista foi condenado e cumpria prisão domiciliar em razão de um homicídio cometido em 2006 em Planaltina contra a própria companheira na época. A lei do feminicídio só entrou em vigor em março de 2015, por isso o crime foi tipificado como homicídio. “Ele matou a companheira com golpes de faca e a faca ficou, inclusive, cravada no peito da vítima”, destacou o delegado Maldonado. No ano do crime, não era usada a nomenclatura feminicídio. “Estava em prisão domiciliar, partindo daquele princípio legal da ressocialização e da reintegração. Ele está findando o cumprimento da sua pena”, acrescentou.
Em período de ressocialização pelo crime, Sérgio trabalhava como motorista, enquanto Ana Paula era auxiliar administrativa. Os investigadores, no entanto, não souberam confirmar se os dois eram casados ou apenas companheiros. Ontem foram colhidos os relatos de vizinhos, pois os familiares não tinham condições emocionais de prestar depoimento. As crianças estão sob os cuidados de uma parente do casal e a polícia vai comunicar o Conselho Tutelar.
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