Primeira e mais importante questão: não é uma violência provocada nas escolas, são instituições educativas que estão em uma sociedade violenta e, portanto, dentro delas também serão manifestadas violências. Quando pegamos os jovens que brigam, cometem atos de violência nas escolas, eles são vítimas também de múltiplas violências: racismo, atuação do estado, braço armado, polícia, não ter alimentação, não ter moradia digna. Nossa sociedade é extremamente desigual, e todos os preconceitos são violências.
Precisamos do Estado resolvendo questões de desigualdades sociais, levar para todos os espaços debates sobre feminicídio, machismo, violências que a juventude sofre, desigualdade centro-periferia, questões raciais, garantir que a escola ouça a juventude e seja construída para ela.É importante que as múltiplas linguagens da juventude se manifestem dentro da escola. Com participação efetiva, a escola deve trazer os elementos de desigualdades para serem debatidos e estudados para formar sujeitos que lutam contra essas desigualdades, que desencadeiam tantas violências.
Catarina de Almeida, professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) e coordenadora do Comitê-DF da Campanha Nacional pelo Direito à Educação (CNDE)