Após os recente casos de violência em escolas no DF, os secretários de Educação, Saúde, Justiça e Cidadania, Segurança Pública e Juventude, além da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) reuniram-se, ontem, e sinalizaram que 125 escolas de todas as regiões administrativas do DF receberão intervenção pedagógica, segurança, saúde mental, esporte, lazer e amparo legal. O critério considera o "potencial de violência entre os estudantes". A tendência é que o plano de urgência seja divulgado na segunda-feira.
"Isso pode nos ajudar a identificar quem está praticando crime e tirar de circulação. Para toda ação, há uma reação e consequência. Temos, então, que dar uma apertada quando há uma evolução, assim como está acontecendo", disse o secretário de Segurança Pública, Júlio Danilo. As escolas foram escolhidas após indicação dos próprios diretores.
Assim como o governador, o secretário de Saúde, general Manoel Pafiadache, detalhou que acredita que os professores e alunos podem estar apresentando sequelas após um período de dois anos de inatividade dentro de uma sala de aula em decorrência da pandemia da covid-19.
"Podemos até ter uma guarnição na porta das escolas, mas isso não quer dizer que não vai acontecer qualquer tipo de violência. Para que esse índice diminua, é necessário que os professores trabalhem a mente, não só das crianças, mas também deles mesmos, até porque são a linha de frente da educação", disse o general.
Inviável
Durante agenda para assinatura de ordens de serviço na região administrativa de Arniqueira, o governador Ibaneis Rocha (MDB) considerou como inviável colocar policiamento em todas as escolas do Distrito Federal, mas reiterou que solicitou ao comando da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) o policiamento reforçado em áreas próximas a escolas consideradas de "maior risco" de ocorrências.
"São quase 700 escolas no DF. O que eu tenho pedido ao comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal é que reforce principalmente nas áreas onde a insegurança é maior", pontuou o governador, destacando que há um trabalho do governo de formação de novos agentes para serem colocados nas ruas.
Ao avaliar os recentes casos de violências nas escolas, o governador lembrou que os estudantes passaram muito tempo fora das salas de aulas presenciais em decorrência da pandemia. "Infelizmente ainda acontece isso. As crianças passaram muito tempo trancadas dentro das suas casas, e esse reencontro é um reencontro muito difícil", comentou Ibaneis.
Casos recentes
Ontem, a jovem, identificada apenas como Rafaela, 19 anos, faltou à convocação na 30ª Delegacia de Polícia para prestar esclarecimentos após as imagens em que ela aparece apontando uma arma para cabeça de uma estudante em frente ao Centro Educacional São Francisco, em São Sebastião, na última terça-feira.
Segundo o delegado responsável pelo caso, Ulysses Fernandes, a advogada da jovem foi comunicada que a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) queria ouvir a versão de Rafaela sobre o caso, mas que até o momento ela não apresentou nenhum número de contato. "Como ela é investigada, ela não tem obrigação de prestar depoimento, tampouco ser conduzida coercitivamente", salientou Fernandes, delegado-chefe da 30ª DP.
"Lógico que isso não interrompe a investigação. O investigado tem o direito de prestar sua versão, mas se não quiser, vida que segue. Mas, acredito que na próxima semana ela deve comparecer, caso contrário, concluímos a investigação da mesma forma", completou o delegado.
Os agentes, em um primeiro momento, querem entender a dinâmica do ocorrido e o motivo da discussão e, para isso, as testemunhas começaram a ser ouvidas ontem. O Correio não conseguiu contato com a defesa da jovem.
Outro caso de violência escolar, em São Sebastião, deve terminar com a transferência de um dos envolvidos. De acordo com a diretora Priscila Silva, do Centro de Ensino Fundamental (CEF) do Bosque, o estudante de 15 anos, que esfaqueou uma colega de escola, na última quarta-feira, vai para outra unidade de ensino. O jovem foi apreendido por policiais militares logo após a agressão.
Ao detalhar sobre o estado de saúde da vítima, a diretora da unidade afirmou que ela se recupera bem após ter deixado o Hospital Regional do Paranoá. "Ela está bem, se recuperando em casa. Quando o adolescente sair do sistema prisional, a instituição e a Secretaria de Educação tomarão as providências cabíveis para transferência", salientou a gestora do CEF.