O suspeito de esfaquear um estudante de 17 anos, no Centro Ensino Médio 03 (CEM 03) de Ceilândia Sul, foi apreendido, ontem à noite, por policiais civis da Delegacia de Proteção da Criança e Adolescente 2 (DCA 2). O jovem de 16 anos seria o autor da agressão motivada por ciúme de uma estudante.
Conforme relatos de testemunhas, a vítima teria tentado apaziguar uma discussão entre dois outros alunos dentro da escola, que estariam interessados na mesma adolescente. A intervenção do jovem custou caro, já que um dos envolvidos buscou uma faca e o golpeou no quadril. O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), que fez o primeiro atendimento ao rapaz, informou que ele estava com ferimentos de arma branca.
O estudante foi encaminhado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), em estado grave, à emergência do Hospital Regional de Ceilândia (HRC), onde ele passou por cirurgia. Em seguida, policiais militares do Batalhão Escolar (BPEsc) foram a um abrigo na QNM 32, onde encontraram um dos dois envolvidos na brigada, ele estava com uma porção de maconha. Nesse momento, os agentes conseguiram identificar o outro adolescente, que seria o responsável pelas facadas, e passaram a efetuar as buscas na região.
Possível dinâmica
O Correio apurou com um familiar da vítima que ele mora em Águas Lindas de Goiás (GO), no Entorno do DF. Uma fonte informou à reportagem que o confronto entre os dois alunos que vitimou o colega havia sido planejado pelo autor das facadas. O plano era agredir o rival quando todos os alunos saíssem da escola, entretanto a discussão começou antes e acabou em tragédia.
"No momento da discussão, a vítima tomou as dores do amigo, quando isso aconteceu, ele entrou na briga e tudo começou", conta um estudante do CEM 03 sobre a confusão. Ele acrescenta que o rapaz foi esfaqueado por defender o colega. O aluno relata que conflitos são comuns na escola e que não é difícil ter acesso à instituição com facas, armas e drogas. "Não tem problema nenhum, pode entrar com qualquer coisa que ninguém liga", finaliza o rapaz.
Escola tranquila
O vice-diretor do CEM 03, Fernando Lourenço, 40, discorda das informações dadas pela testemunha. Ele afirma que, em dez anos, nunca ocorreu um crime desse tipo na escola. "A escola é tranquila, e aqui a gente tem um fluxo bem calmo, tanto que é a primeira vez que isso acontece no tempo que estou aqui", garante o educador. Ele esclareceu que é comum ter circulação de drogas e assaltos ao redor da escola, por falta de segurança e pouca patrulha policial na região.
"Se não tivermos apoio da polícia, certamente algo vai dar errado, até porque nós, da direção, não temos como revistar alunos", alega. Com um total de 2,7 mil alunos, a escola é a maior de Ceilândia. São 28 turmas do ensino médio regular, sendo 1,2 mil no período matutino e mais mil no vespertino, da Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Fernando conta que quando soube do esfaqueamento, comunicou a família da vítima e acionou o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar. "Prontamente, o aluno foi atendido, e está no hospital. Ele passou por um procedimento cirúrgico e sabemos que ele está estável".
Participante da ocorrência pela Polícia Militar do DF, o subtenente Etelmo esclarece que é comum apreender menores de idade dentro da escola com drogas. "Como é um colégio que atende praticamente toda a Ceilândia, tem supletivo de manhã e à tarde, assim como têm alunos com desavenças, geralmente para resolver na entrada ou na saída do turno", explica.
Até o fechamento desta edição a família e o hospital não revelaram detalhes sobre o estado de saúde do jovem.
*Estagiário sob a supervisão de Juliana Oliveira