A defesa do personal trainer Kayo Rhuan Paulista Alves, 35 anos, preso acusado de sonegar mais de R$ 13 milhões de impostos utilizando uma empresa de grãos, nega que o educador físico tenha criado qualquer empreendimento em nome próprio. Em reportagem publicada na última segunda-feira (14/3), o Correio revelou que Kayo teria utilizado de uma identidade falsa para fundar a KRA da Silva EPP, cujo nome fantasia é Rodocristal.
Kaio está preso no Centro de Detenção Provisória (CDP 2) do Complexo Penitenciário da Papuda sob acusação de cometer crimes tributários e usar documentos falsos. Em entrevista ao Correio, o advogado dele, Thiago Henrique Santos Sousa, contou que o educador desconhece essa empresa. A Rodocristal tem como atividade principal o comércio atacadista de cereais e leguminosas. Situada na região do Café Sem Troco, no Paranoá, a empresa tem capital social de R$ 100 mil e foi fundada em abril de 2011.
De acordo com o advogado, a investigação conduzida pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) trata-se, na verdade, de uma apuração de, no mínimo, 10 empresas do DF. “Ele (Kayo) jamais teve a empresa no nome dele. Consta um nome, mas foi uma falsificação que fizeram com a identidade dele, tanto é que há uma procuração forjada. Estamos em busca de documentação no cartório para esclarecer todos os pontos”, frisou.
O Correio também apurou que a somatória de irregularidades começou ainda no ano de fundação da Rodocristal, em 2011. O delegado Ricardo Fernandes Gurgel, chefe da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Ordem Tributária (DOT), afirmou, em entrevista concedida nesta terça-feira, que entre outubro de 2011 e março de 2013, a empresa do personal suprimiu o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) devido aos cofres do DF mediante as condutas de omitir informações ao fisco distrital, bem como fraudar a fiscalização tributária ao omitir operações tributáveis em livros fiscais exigidos pela Lei, segundo apontado pela investigação que começou dois anos depois, em 2015, quanto a DOT instaurou um inquérito para apurar os crimes tributários que teriam sido praticados pelos responsáveis pela KRA da Silva EPP.
Com a conclusão do inquérito, em 2019, o personal foi denunciado pelo MPDFT e passou a responder uma ação penal em curso na 1ª Vara Criminal de Brasília. Ao ser questionado sobre o processo que corre na Justiça, o advogado de Kayo esclareceu que o cliente, à época, não tinha conhecimento da ação penal e não chegou a ser citado ou intimado. Devido ao uso do nome falso, a Justiça do DF expediu um segundo mandado contra ele, que foi cumprido na terça-feira passada (8/3) pela 16ª Delegacia de Polícia. “ Quem está foragido não vai ficar dando aulas em academia. O Kayo foi preso trabalhando e não sabia o motivo que estava sendo levado para a delegacia. Só soubemos após uma conversa. Ele não tinha ciência das acusações”, destacou Thiago.
Vida dupla
As investigações da PCDF revelaram, ainda, que Kayo levava uma vida dupla para evitar chamar a atenção. De segunda a sexta-feira, ele dava aulas em uma academia do Noroeste, área nobre de Brasília, e andava em carros comuns. Aos sábados e domingos, ostentava em veículos de luxo. Um deles, apreendido pela polícia, avaliado mais de R$ 300 mil.
O advogado explica que o personal mora de aluguel e adquiriu a Range Rover de um conhecido. “Diante do gasto do carro, como prestação cara, e pelo fato dele dar aulas no DF inteiro, ele só saía às vezes com esse veículos. Mas jamais fez isso por luxo.” A defesa aguarda a decisão da Justiça sobre um pedido de liberdade provisória. Até a última atualização dessa reportagem, Kayo seguia preso na Papuda.