Um detento do Centro de Progressão Penitenciária (CPP), identificado como Luiz Paulo da Silva Pereira, ficou com o rosto desfigurado após ser atingido por balas de borracha disparadas por um agente penal da unidade prisional. O caso aconteceu no dia 2 de março, mas só veio a público nesta semana.
A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seape) informou, em nota, que o fato aconteceu durante uma briga de facas na CPP e, para encerrar a confusão, os policiais tiveram que fazer “uso progressivo de força”. “Infelizmente um tiro de borracha acabou atingindo o rosto do custodiado acidentalmente”, disse a Secretaria.
De acordo com a pasta, no mesmo dia, “a juíza titular da Vara de Execuções Penais do DF (VEP) foi comunicada e o reeducando imediatamente encaminhado ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran), onde passou por cirurgia plástica reparadora e já recebeu alta”.
Outra versão
No entanto, a advogada do detento, Luiza Barreto Braga, contou ao Correio que ouviu uma história diferente do seu cliente. Luiz disse a ela que tudo começou durante o confere para o banho de sol, feito pelos agentes. “Os detentos estavam organizando as camas, após terem acordado, e não teriam obedecido uma ordem de parar e ir para o banho. Com isso, iniciou uma confusão e os agentes atiraram com armas de bala de borracha. O Luiz estava dormindo, acordou assustado e foi até o corredor, quando foi surpreendido com dois tiros no rosto”, relatou a advogada.
Luiza afirmou que um deles acertou o nariz do detento e o outro, a testa. “No momento de desespero, ele começou a gritar pedindo socorro e o agente informou que, por se tratar de uma bala de borracha, não machucaria e era para ele parar de chorar”, frisou. “Somente depois que eles viram que estava sangrando muito, Luiz foi levado para o posto de saúde do Guará. Lá, ele não foi atendido, pois informaram que se tratava de um caso de cirurgia. Após isso, o levaram para o Hran, onde ele foi tratado”, detalhou a advogada.
Ela denunciou que, apenas quando Luiz retornou ao CPP, a ocorrência foi feita e que, durante o tempo em que esteve internado, a família não teve nenhuma notícia. A advogada também afirmou que vai buscar todos os meios viáveis para que os direitos do detento sejam defendidos. “A família deseja ingressar com uma ação contra o estado. E a defesa estará disposta a provar que não houve brigas dentro do estabelecimento prisional, mas uma agressão desnecessária dos agentes penitenciários”, concluiu Luiza.
Questionada sobre a versão de Luiz, a Seape ressaltou que está apurando o fato e, caso constate alguma irregularidade por parte do agente, o mesmo será responsabilizado. “Além disso, a VEP oficiou também a Procuradoria Geral do DF para adoção das medidas jurídicas pertinentes”, concluiu a pasta.