Desenhista que trabalhou no projeto da nova capital do Brasil, Varilandes Gonçalves, 79 anos, morreu no último sábado (12/3), após umas parada cardiorrespiratória. Segundo o filho do pioneiro, Varilandes Junior, ele estava internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) há 17 dias. O último adeus ao candango foi no Cemitério Campo da Esperança, da Asa Sul. Por volta das 15h, filhos, netos e amigos puderam se despedir do pioneiro. O corpo foi enterrado às 17h.
Apesar de ter mudado para Brasília apenas em 1959, Varilandes veio dois anos antes, em 1957, por meio de uma expedição do colégio em que estudava em Goiânia. Impressionado com o tamanho dos caminhões das obras que trabalhavam na barragem do Paranoá, ele, que viu o Congresso Nacional quando era apenas uma estrutura metálica, jamais imaginou que mais na frente faria parte da história da capital.
Nascido em Patos de Minas (MG), aos 18 anos, o pioneiro veio para a capital apenas para acompanhar o cunhado que já morava em Brasília. A única certeza que ele tinha era de que voltaria para Goiânia no fim de semana seguinte. No entanto, quando a data chegou, ele adiou para o seguinte e o fim de semana seguinte acabou durando 61 anos.
Inicialmente, ele morou com o cunhado na quadra 39 — onde hoje é a 713 Sul — e depois foi para o acampamento da Novacap, empresa na qual conseguiu o primeiro emprego e continuou até se aposentar como fiscal de obras.
A certeza de que Brasília seria uma boa opção para construir uma vida veio somente em 1964, quando ele foi efetivado na Novacap no cargo de desenhista. Apesar de sempre ter exercido a função, Varilandes não recebia como tal. Quando foi efetivado, o salário aumentou e ele pode ter estabilidade. O pioneiro ainda aproveitou a oportunidade de viver em Brasília para se casar com Ivana Dias, com quem teve seis filhos, e para comprar a casa própria, em Taguatinga.
Em menos de cinco anos ele assistiu ao nascimento das duas cidades: Brasília e Taguatinga. Como desenhista, Varilandes deixou a marca dele em vários pontos de Brasília, como no contorno dos lagos do Parque da Cidade e em todo o complexo que envolve o autódromo Nelson Piquet. O Plano Piloto também carrega as marcas do mineiro, que desenhou o mapa oficial da cidade.
Em 2004, Varilandes participou de um caderno especial do Correio Braziliense em homenagem aos pioneiros da Capital. Na matéria ele trouxe curiosidades sobre o começo de Brasília. “Originalmente o autódromo estava localizado no lado sul do Eixo, mas quando eles juntaram os mapas das duas asas viram que ele era grande demais para ocupar aquele espaço. A solução foi transferi-lo para o lado Norte e criar o Parque da Cidade para que não ficasse um buraco no meio do Eixo”, contou.
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