Apontado como o chefe da maior facção do país, o Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, foi condenado a mais 12 anos de prisão por mandar matar o promotor de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) Lincoln Gakiya — atuante no combate à facções criminosas em SP — e Roberto Medina, chefe da Coordenadoria dos Presídios da Região Oeste do Estado (Croeste). A tentativa de assassinato não foi bem sucedida.
Bilhetes codificados apreendidos com duas mulheres ao fim da visita na Penitenciária Maurício Henrique Guimarães Pereira, em Presidente Venceslau, em 2018, ordenaram a execução. Agora, Marcola chega a pena de 342 anos, 6 meses e 24 dias de reclusão.
A sentença foi assinada pelo juiz Deyvison Heberth dos Reis na sexta-feira (4/3), mas foi liberada nos autos da última segunda-feira (7/3). Além de Marcola, também foram condenados Mauro César dos Santos Silva (a 8 anos e 9 meses de prisão) e Júlio César Figueira (a 7 anos e 10 meses). Ambos, eram companheiros de pátio e também integrantes da organização criminosa. Alessandra Cristina Vieira e Maria Elaine de Oliveira, as duas mulheres que saíram do presídio com os bilhetes também receberam penas e estão soltas, podendo recorrer da decisão em liberdade.
O Correio teve acesso à sentença. Como consta nos autos, em 8 de dezembro de 2018, Maria Elaine e Alessandra deixavam a unidade prisional após visitarem os companheiros, Mauro e Júlio. Na saída, as duas demonstraram nervosismo, o que teria despertado a atenção dos policiais militares, que abordaram e encontraram quatro pedaços de papéis com as suspeitas. As cartas, escritas por Júlio e Mauro, evidenciaram a ordem para os assassinatos do promotor Lincoln e Roberto Medina.
Em um dos bilhetes, continha a seguinte mensagem: “[...] Apesar do frango, esse que mora na mesma quebrada de vocês, tá na mão todos os endereços que ele vai. Está mapeado. Ele mora no Laus mesmo e fica a semana toda lá porque o trampo dele é dentro. Dá pra fazer ele hora que quiser. [...] Salve do frango japonês é um pouco mais complicado, mas dá pra fazer também [...].” Na segunda carta, os criminosos ainda fazem referência a Marcola: “Essa missão é de extrema, pois se o amigo aqui for para a federal, essa situação tem que ser colocada no chão de qualquer forma.”
Em um interrogatório na sala da penitenciária, em 17 de dezembro de 2018, Marcola alegou que os bilhetes não haviam saído na respectiva unidade prisional e citou que o material era “forjado”.
Diante das provas, a Justiça de SP condenou Marcola, Júlio, Mauro e as duas mulheres (4 anos e 6 meses). O juiz indeferiu aos réus Marcola e Júlio o direito de apelar em liberdade, visto que permaneceram presos no curso do processo.
Transferência
Marcola foi transferido da Penitenciária Federal em Brasília para a Penitenciária de Porto Velho (PFPV), em Rondônia em 3 de março. Fontes ouvidas pelo Correio revelaram que, desde o fim do ano passado, equipes de inteligência monitoravam um possível plano de fuga de Marcola.
No final de 2021, após uma reunião entre autoridades, forças de segurança teriam sido colocadas em alerta a respeito de um novo plano de fuga de Marcola. O Correio apurou que o chefe da facção queria, ao menos, um sinal de que os "aliados" estariam tentando resgatá-lo na Penitenciária Federal em Brasília e teria dado um prazo até março. O pedido, repleto de audácias, exigia uma "prova" dos comparsas, incluindo barulho de tiros nas imediações. No entanto, não houve comunicado oficial acerca dessa movimentação junto à Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF).
Ainda em dezembro, uma torre de vigilância ganhou forma em frente à penitenciária. A construção faz parte da política de fortalecimento do sistema de segurança no eixo da penitenciárias federais, segundo afirmou o Depen ao Correio. O projeto foi licitado em 2020 e, de acordo com o órgão, a "muralha" vai reforçar a barreira perimetral das demais unidades, a começar por Brasília. "A obra vai melhorar a capacidade de vigilância e segurança", frisou o Depen.