Solidariedade sem fronteiras

Nesta semana, li no Correio sobre o trabalho de brasileiros que moram na Europa e se voluntariaram a ir até a fronteira entre a Polônia e a Ucrânia para resgatar brasileiros, além de refugiados de outras nacionalidades que ainda estão em meio ao conflito no Leste Europeu. Denominado Frente BrazUcra, o grupo já resgatou dezenas de pessoas.

Um dos integrantes do grupo mudou-se de Lviv, oeste da Ucrânia, para a Polônia, mas deixou seu apartamento na cidade ucraniana para servir de ponto de abrigo para quem foge do conflito em direção à fronteira polonesa. Histórias de brasileiros que saíram do conforto de seus lares na Irlanda, Alemanha e Bélgica para ajudar os necessitados na zona de conflito. É o caso do cientista brasileiro Rodolfo Caires, de 32 anos. "Tive a ideia meio que de súbito, quando vi as imagens do conflito na sexta-feira de manhã. Pensei: 'eu tenho que ir o mais rápido possível. O pessoal está precisando de ajuda e não está tendo informações", contou o morador de Dublin (Irlanda), às jornalistas Tainá Andrade e Taísa Medeiros. Quem quiser entrar em contato com o grupo, pode acessar o perfil no Instagram @frente_brazucra.

Aqui no Brasil, uma iniciativa solidária também chamou atenção. Um pernambucano criou um site para aproximar pessoas que precisam de alimentos de doadores e voluntários. A página https://mapafome.com.br, desenvolvida pelo estudante de ciências da computação Rafael Leão, 27, tem um mapa da fome, e quem acessa a plataforma pode localizar uma pessoa que esteja em situação de vulnerabilidade social ou insegurança alimentar, seja em casa ou em situação de rua. E os voluntários informam pelo site como irão ajudar, levando as refeições ou doando alimentos.

"Muitas vezes faltam peças no quebra cabeça para resolver esse problema da fome. Faltam pessoas para levar do ponto A ao ponto B. Há voluntários querendo receber o alimento e  pessoas desperdiçando comida que não foi comercializada, por exemplo, em restaurantes, feiras livres", explicou Rafael, em entrevista à Agência Brasil. Em tempos de pandemia, onde a fome e a vulnerabilidade social cresceram exponencialmente, ações como essa salvam vidas.

Não muito longe, especificamente em meu grupo de amizade, faremos um chá de fralda, neste domingo, para um amigo que em breve será pai. Parece uma atitude boba, comum e pequena, se comparada aos dois exemplos citados anteriormente. Mas não deixa de ser a prática da solidariedade, que geralmente começa dessa forma, entre pessoas próximas: um amigo, um vizinho...

E a coisa vai se ampliando, podendo abranger uma comunidade, a cidade, o país, e, como vimos no primeiro caso, ultrapassar fronteiras. A solidariedade é um exercício que deve ser praticado independentemente de localidade ou povo; é um ato sem olhar a quem. Quem ainda não tentou, que comece por alguém mais próximo. Vale a pena.