Após dois anos de isolamentos e convivência com o novo coronavírus, pensar em como será o período após a pandemia parte do imaginário de muitas pessoas. Contudo, o momento ainda é importante e preocupante, já que 32 milhões de pessoas não se vacinaram ou não concluíram o ciclo vacinal no país. Para o infectologista do Exame/Dasa, David Urbaez, entrevistado do CB.Saúde desta quinta-feira (3/3), programa do Correio em parceria com a TV Brasília, existirá um terreno para o vírus da covid-19 circular livremente, promovendo novos riscos e possibilidades.
Em entrevista conduzida pela jornalista Carmen Souza, o especialista explicou que, em uma população de 212 milhões de habitantes, quando algum cidadão não se imuniza, o aumento em grande escala favorece o fortalecimento da pandemia, além de dar força para o surgimento de novas variantes. Passando o carnaval, principalmente, David acredita que os números de casos podem subir. Com o aumento de mobilidade e aglomeração por tempo prolongado, o normal é que as incidências aumentem. Porém, a diferença nesses números será em relação aos casos graves, que provavelmente serão em número menor, podendo aumentar por causa da variante ômicron, que tem uma parcela de responsabilidade no crescimento. O número de casos graves também pode diminuir devido à vacinação em massa.
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Em relação aos discursos do presidente Bolsonaro sobre uma possível transição da pandemia para endemia, o infectologista disse que esse processo está longe de terminar. Ele ainda ressalta que nenhum especialista é capaz de decretar o fim da pandemia. Quanto à flexibilização do uso de máscaras, informada nesta quinta-feira (3/3) pelo governador Ibaneis Rocha, Urbaez acredita que a população está acostumada com o vaivém de medidas de flexibilização. “Milhões de pessoas tirando a máscara é dar um meio de cultura para que todos se envolvam em uma transmissão. Tudo isso é a fronteira do confronto e do conflito entre visões’, diz.
Segundo ele, apesar de todos os estudos e evidências, o direcionamento de políticos e de cientistas nem sempre está alinhado. Um debate que, geralmente, é levado por quem se encontra no poder. Um dos exemplos mencionados pelo médico durante toda a pandemia, desde 2019, é o pensamento negacionista por parte do governo. “A esfera federal sempre abraçou a ideia negacionista, o que desmontou qualquer estratégia”, conta.
*Estagiário sob a supervisão de Nahima Maciel