Em meio ao período eleitoral de 2022, atores políticos do Distrito Federal se movimentam para figurar nas urnas em outubro. Uma das datas mais importantes para os possíveis candidatos é o prazo para que agentes públicos deixem os cargos para participar da corrida eleitoral. O período se encerra no próximo sábado. Atentos ao calendário do pleito, ao menos 10 administradores regionais devem disputar uma cadeira na Câmara Legislativa do DF (CLDF). Desses, três pediram exoneração das funções e o restante deve deixar os cargos até sexta-feira (1º/4).
Entre os gestores das regiões administrativas que querem atuar como deputados distritais, estão Fernando Fernandes, de Ceilândia; Gustavo Aires, de Samambaia; Alan Valim, de São Sebastião; Daniel de Castro, de Vicente Pires; Vânia Gurgel, da SCIA e Estrutural; Marcelo Ferreira, do Lago Norte; Carlos Dalvan Soares, do Recanto das Emas; Sergio Damaceno, do Paranoá; Renato Andrade, de Taguatinga; e Telma Rufino, de Arniqueira.
Estar à frente de uma administração é, sem dúvida, um diferencial para esses candidatos. A atuação serve de vitrine e palanque, conforme analisa a cientista política Michelle Fernandez, pesquisadora do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB). "Quando a pessoa está em uma administração, ela tem visibilidade e contato com o público daquela região", esclarece.
O ideal, segundo o professor de ciências políticas do Ibmec Jakson de Toni, é que o governo do DF promova listas tríplices. Na própria Lei Orgânica do Distrito Federal, segundo ele, consta que é importante ter participação popular no processo de escolha de administradores, o que não ocorre atualmente. Jakson afirma que, de acordo com pesquisas da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) e reclamações da Ouvidoria do DF, existe uma desigualdade de desempenho nas várias administrações regionais. As dificuldades, geralmente, são as mesmas: saúde, educação, demora no atendimento e baixa resolutividade nos atendimentos das demandas do cidadão. "As eleições democráticas são um meio de punir os administradores que são ineficientes, ineficazes e incompetentes", avalia.
"A má gestão é uma desvantagem, o desempenho eleitoral ficará enfraquecido", esclarece. Essa falta de cuidado respinga no próprio governador, segundo o cientista político, uma vez que é ele quem indica o responsável direto por cada RA. Jakson ainda explica ser provável que as campanhas eleitorais dos administradores estejam bastante ligadas à do chefe do Executivo local.
Ceilândia
Depois de mais de um ano como administrador de Ceilândia, o deputado Delegado Fernando Fernandes (Pros) retomou o posto na CLDF nessa terça-feira (29/3), a tempo de participar da votação que atualizou a Lei de Uso e Ocupação do Solo (Luos). Ele afirma lutar por mais investimentos em saúde, educação, cultura, esportes e lazer para Ceilândia. "Algumas grandes obras ficaram para trás, como a revitalização de praças e da (avenida) Hélio Prates", argumenta.
São Sebastião
Alan Valim deixará o posto de administrador de São Sebastião. Mergulhador do Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF), ele está em conversa com sete siglas e vai priorizar um partido aliado ao governador Ibaneis Rocha (MDB). Para ele, ter um mandato "ajuda em emendas parlamentares, edital e licenças ambientais para trazer equipamentos públicos necessários para a região".
Samambaia
Gustavo Aires decidiu se descompatibilizar do cargo de administrador de Samambaia a partir de uma conversa em família. A saída será nesta sexta-feira (1º/4). "Vamos resgatar as bases", afirma, sobre o plano de ação. Gustavo será candidato pelo MDB, partido do qual o pai, o ex-deputado distrital Odilon Aires, foi um dos fundadores no DF. "Vamos fazer política da forma que sabemos, conversando com familiares, amigos e com a população de Samambaia, a qual a gente teve contato nesses anos como administrador", afirma.
Vicente Pires
Daniel de Castro deixou a administração de Vicente Pires na sexta-feira (1º/4), após três anos e três meses. Ele acredita que o trabalho feito na cidade durante a gestão gera expectativas. "Não fizemos (os trabalhos) por votos, mas acaba ajudando. Esperamos obter o reconhecimento da cidade, que precisa ter um representante", defende. Ele será, novamente, candidato a deputado distrital, cargo que chegou a ocupar por 28 dias, entre setembro e outubro de 2019, quando o parlamentar Iolando Almeida (PSC), de quem é suplente, foi secretário da Pessoa com Deficiência. Daniel será candidato pelo PP, sigla à qual se filiou nesta quinta-feira (31/3). Até então, ele era do PSC.
Paranoá
Sergio Damaceno foi o administrador que mais tempo ficou à frente da gestão regional do Paranoá — quase seis anos. Ele deixou o cargo em 11 de março, para fazer o curso de oficial dos bombeiros, mas afirmou ao Correio que sairia da administração de todo jeito, mesmo se não fosse participar da formação militar. Serginho, como é conhecido, foi candidato a distrital em 2018, pelo Avante. O pré-candidato ainda não sabe por qual sigla disputará uma cadeira na CLDF neste ano. "Por ser militar da ativa, eu escolho partido só nas convenções. Após meu curso (de oficial dos bombeiros), vou estudar as nominatas", planeja.
SCIA e Estrutural
Vânia Gurgel saiu da administração da SCIA e Estrutural nessa quinta-feira (31/3). A ideia da ex-distrital, que foi administradora do Guará, é tentar de novo um assento na CLDF. "Foi muito gratificante assumir a cidade. É onde está o povo carente, que precisa de muito apoio", pondera. "Estou há 11 meses no cargo, e consegui desempenhar e colocar projetos para andar, além de executar o que estava parado", completa. Vânia foi eleita pela primeira vez em 2018, como deputada distrital, pelo Pros. A princípio, ela planeja concorrer pela sigla em outubro.
Arniqueira
Após deixar a gestão da Arniqueira, sexta-feira (1º/4), Telma Rufino vai concorrer novamente a deputada distrital, cargo que ocupou de 2015 a 2018, e voltou em junho de 2021, pelo Pros. A ex-parlamentar será candidata pelo MDB neste ano. Telma destaca que, durante a campanha, vai defender pautas como a regularização de terras e a defesa dos direitos das mulheres. Ela foi presidente da CPI do Feminicídio da CLDF. "Pretendo continuar defendendo as pautas voltadas as mulheres", assegura.
Recanto das Emas
O empreendedor Carlos Dalvan vai deixar o cargo de administrador do Recanto das Emas — onde foi dono de restaurantes de 2014 a 2018 — na sexta-feira (1º/4). "A gente se encontra com líderes comunitários a cada mês, de acordo com a disponibilidade dos moradores", afirma. Ele planeja focar na segurança pública e em melhorias de infraestrutura na cidade, como iluminação de LED, reforma dos equipamentos públicos e colocação de papa-entulhos e papa-lixo "para que a cidade fique mais limpa".
Taguatinga
Advogado e bispo, Renato Andrade é administrador de Taguatinga desde setembro de 2020, após ser exonerado do cargo de secretário de Relações Parlamentares do DF. Renato foi deputado distrital, entre 2007 e 2010 e 2015 e 2018, esteve à frente da administração do Riacho Fundo 2 e comandou outras secretarias em governos anteriores. Ele deve deixar o cargo em Taguatinga até sexta-feira (1º/4) para concorrer à CLDF, novamente pelo PR. "Taguatinga é a cidade que eu moro, temos muitos projetos, que começamos na minha gestão, e vamos trabalhar para concluir todos eles", planeja.
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