Esforço, dedicação e persistência. Três palavras-chaves que fazem parte do cotidiano dos jovens brasilienses que almejam uma vaga na Universidade de Brasília (UnB). Ontem, o Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe) divulgou a lista dos 1.808 estudantes selecionados para as vagas destinadas ao primeiro semestre, que ingressarão na UnB, para os campi Darcy Ribeiro (Plano Piloto), Ceilândia, Gama e Planaltina.
Os cursos de graduação presencial, têm início previsto para 6 de junho. Na tarde desta quarta-feira, o Correio encontrou alguns dos aprovados em medicina no estacionamento próximo à universidade, onde celebravam junto aos veteranos de curso, que receberam os novatos com muito carinho.
"Estou incrédulo, a ficha ainda não caiu", essas foram as primeiras palavras de Endrio Costa, 19 anos, o primeiro da família a ingressar em uma universidade, aprovado em medicina na terceira etapa do PAS. Ao Correio, o jovem, que mora somente com a mãe, em São Sebastião, conta que o processo até o tão sonhado momento passou por inúmeros desafios e indefinições. Quando decidiu, com convicção, o curso na área da saúde no 2º ano do ensino médio, o calouro revela que o caminho até alcançar o objetivo foi solitário. "Era complicado estudar e saber sobre o que eu queria. O PAS é muito no escuro, e eu não fiz cursinho, foi eu por mim", descreve.
Aluno de escola pública, o jovem, emocionado, detalha que estudava em casa, sempre no período vespertino, após chegar do colégio. Endrio nem consegue precisar quantas horas do dia foram destinava a estudar os conteúdos para as provas do PAS. "Foram incontáveis. Chegava da escola e estudava até de madrugada", afirma.
Assim como Endrio, Beatriz Félix, 18 anos, será a primeira entre os familiares a iniciar uma carreira acadêmica. No início, a jovem relata que o percurso foi desesperador. Aplicando 12 horas do dia para a prova do PAS, na qual foi aprovada, a nova universitária retrata que, em muitas ocasiões, se sentiu exausta durante a trajetória feita, principalmente no final do ano passado, perto da data de realização do teste. "No 3º ano diminuí e estudava 5 horas por dia. Estava cansada naquele período, ainda mais porque não tivemos muito tempo para estudar, já que o edital saiu um mês antes da prova", finaliza.
Apesar dos dilemas, ela diz que ainda não acredita no feito e que, finalmente, conseguiu o que semeou por tanto tempo e com tanta ênfase durante os últimos anos. "Estou aliviada e muito surpresa. Verifiquei meu nome na lista três vezes, fiquei atualizando a página toda hora. É uma vitória sem descrição, não acredito que passei", confessa.
Dose dupla
As gêmeas Sofia e Débora de Abreu, 17 anos, que estavam na famosa "calourada" da UnB, conseguiram o feito de passarem juntas para o curso de medicina nesta terceira etapa do PAS. Débora, mais velha por apenas um minuto, comenta que peregrinou entre muitos cursos antes de escolher a carreira. "Estava em dúvida entre medicina, nutrição, engenharia e farmácia", diz. A definição ocorreu antes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) do ano passado, em meados de novembro, quando optou por seguir o mesmo caminho da irmã.
O curso era desejado por Sofia há muito tempo. Ela conta que sempre sonhou com o dia em que veria seu nome entre os classificados. Desde criança com o desejo no coração, inspirada pela carreira da mãe, que é médica há 27 anos, a aluna relata que as nove horas diárias de estudos dedicadas nos últimos tempos valeram à pena. As duas contam que a rotina era intensa, visto que a escola, na Asa Sul, onde moram, é integral, o que fazia ambas mergulharem nos livros e provas de simulados.
*Estagiário sob a supervisão
de Layrce de Lima.
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