Saúde

"Há uma falta de interesse do médico", diz Jorge Vianna sobre saúde pública

De mudança para o PSD, após saída do Podemos, Jorge Vianna planeja eleições e destaca pontos na saúde pública do Distrito Federal.

Paulo Martins*
postado em 30/03/2022 16:33 / atualizado em 30/03/2022 16:59
 (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Mirando mais um mandato legislativo, o deputado distrital Jorge Vianna filiou-se ao PSD na tarde desta quarta-feira (30/3). O “deputado da saúde” falou sobre as pretensões no novo partido e sobre a própria  legislatura durante o CB. Poder, uma parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília. Vianna foi entrevistado pelo jornalista Carlos Alexandre. 

O deputado eu início à entrevista falando do seu retorno ao PSD, tendo em vista as eleições deste ano. “Em 2014 eu fui o deputado mais votado pelo PSD, mas não fui eleito por questões de coligação. Entrei em um partido que me dá autonomia para fazer minhas críticas, e que eu seja nem de um lado, nem do outro. Tenho certeza que o partido vai ser um dos mais fortes de Brasília: preferi ir para um partido em que eu me sinto seguro para uma próxima legislatura”, afirmou.

O deputado se posicionou em relação à postura do partido nos últimos quatro anos. “Os nomes são novos nessa última legislatura, mas cometem os mesmos erros. Espero fazer uma nominata forte para ajudar nas políticas públicas em Brasília", disse. Para ele, o partido tem que ser objetivo e não adianta estar em partido que não tenha ideologia. "Nós temos que ter ideologia: a minha é a da área de saúde — todos sabem disso e deixei bem claro que minha bandeira é a saúde, então tenho que ter liberdade para ter minhas críticas e participar”, esclareceu.

O novo integrante do PSD também falou sobre a falta de médicos na rede pública. Segundo ele, há um déficit, mas também há um índice alto de pessoas que adoecem, principalmente com uma pandemia. "Há uma falta de interesse do médico, porque não se paga bem e, principalmente, por não querer trabalhar em áreas distantes do centro, o que é comum em todo Brasil. Mesmo com um número razoável de médicos por habitante no Distrito Federal, temos que saber como eles estão e onde eles estão para ter um balanço melhor da situação”, ponderou.

O legislador distrital contou sobre o trabalho para criar a lei Remédio Para Todos, que garante o acesso à retirada de medicamentos e insumos em farmácias particulares quando há falta em farmácia pública. “Quando a gente vai no hospital público e não tem medicamento, o paciente compra em uma farmácia privada ou não toma o medicamento. Se ele não tomar o remédio, pode agravar uma doença como diabetes ou hipertensão e pode parar em uma UTI, onde a diária custa R$ 5 mil. Como um medicamento que custa de R$ 30 a R$ 40 não é fornecido, mas em compensação o Estado paga R$ 5 mil numa diária de UTI? Tenho certeza que muitos pacientes são internados por não ter o hábito de tomar um remédio em três meses, e depois toma em um mês e isso dificulta o tratamento”, justificou.

Jorge Vianna falou ainda sobre a história que originou a lei que permite profissionais de saúde acompanharem alunos em academias. “Sou operado da coluna e do ombro e o médico falou que, para mim, o exercício é vital. Tenho um amigo que é personal e me ajuda nos exercícios e, conversando com ele, vi e sinto que hoje é uma categoria considerada como profissionais de saúde, mas que não tinham nada que pudesse protegê-los como trabalhador ou profissional. Comecei a estudar a área e vi que eles eram cobrados pela academia para poder acompanhar o aluno, ou tinham academias onde eles eram proibidos de entrar. Fiz uma lei que garante ao cidadão ter um acompanhante profissional de saúde”, explicou.

O deputado contou que foi uma dificuldade levar a lei adiante. Segundo ele, as academias continuam cobrando uma taxa do personal e rechaçam essa lei. "O personal não é cliente da academia, ele é o acompanhante do cliente, e nessa lei eu deixo esse direito. A responsabilidade pelo personal é inteira do aluno, incluindo valores de uso. Esta lei já está em vigor e já foi contestada por liminar, que foi derrubada e está validada pelo Tribunal de Justiça. Não entendo a bronca que as academias têm com os personais — se o consumidor sai da academia, o que o personal tem a ver? Essa exigência seria a mesma coisa de  fazer um controle nutricional e levar um nutricionista a um rodízio para dizer o que eu devo comer e o profissional ter que pagar, mesmo se ele não comer”, ironizou.

*Estagiário sob a supervisão de Nahima Maciel

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