Secretário da Educação no Governo do Distrito Federal (GDF) por apenas oito meses, Rafael Parente avalia pontos, objetivos e visões sobre política do DF e do Brasil em entrevista, ontem, à jornalista Ana Maria Campos, no programa CB.Poder — uma parceria do Correio com a TV Brasília. Pré-candidato ao Palácio do Buriti pelo PSB nas eleições de 2022, ele destaca a parceria Lula-Alckmin na corrida presidencial.
O que o motivou a sair do governo e entrar na disputa pelo governo do DF?
Quis entrar na secretaria por ser uma oportunidade e pela promessa de que eu poderia criar meu próprio programa (de gestão), minha própria equipe para fazer um trabalho 100% técnico, que revolucionaria a educação. Eu acreditei nessa e em várias promessas, mas dentro da Educação, vi muito rapidamente que as promessas não seriam cumpridas. Uma delas é que a minha equipe técnica seria mantida, mas começaram com pedidos para ela ser mexida, e eu não estava deixando mexer na minha equipe, e isso era um problema.
Muita gente acredita que a rejeição de Rodrigo Rollemberg (ex-governador) favoreceu a derrota dele nas eleições passadas. Você teme que, se for candidato, tenha que responder pela impopularidade do governo Rollemberg?
Acredito que a população compreende que foi um governo que arrumou a casa. Se não fosse pelo governo Rollemberg, o governo atual não faria 10% das obras que tem feito atualmente, o caixa atual é consequência da organização financeira (do governo anterior). Rollemberg fez uma série de outras coisas muito importantes, como a questão do lixão (da Estrutural), que era o segundo maior do mundo e o enfrentamento da crise hídrica (de 2017). Quando ando pelo DF, tenho a sensação que as pessoas entendem que houve uma injustiça com o governo Rollemberg.
O PSB acabou de receber o ex-governador Geraldo Alckmin, que deve fazer chapa com Lula. O fato do PT estar junto, na composição nacional, facilita um acordo local?
Acredito que sim. Existe esse cenário nacional, mas, no nível local, acho que a gente precisa dialogar com todos que possam compor que sejam anti-Bolsonaro, anti-Ibaneis, e que possam nos agregar, nos apoiar e dialogar nessa composição de um programa que seja progressista para uma Brasília e um Distrito Federal que pode ser muito mais.
Acha que os discursos de Alckmin em outras campanhas atacando o PT não mostram uma incoerência?
Acho que não, pois eram épocas completamente diferentes do que vivemos atualmente. O que a gente vive hoje é talvez a pior crise da história do nosso país. Na época em que existia um debate político entre o PSDB e o PT, e que existia uma crítica entre esses dois polos, era um momento em que a democracia não estava em risco: a gente não via projetos protofascistas no nível local e no nível nacional.
No seu programa de governo, o que você prevê para reduzir a violência nas escolas?
Esse é um problema muito quente e temos visto que as políticas do governo Ibaneis têm fracassado em relação à violência. Voltando no tempo, nas primeiras décadas da fundação de Brasília, as pessoas procuravam primeiro as escolas públicas do que as particulares, por exemplo. A gente precisa criar uma sensação de comunidade por meio das artes, dos esportes, ocupando o tempo dos jovens em tempo integral e com qualidade. Precisamos fazer com que todas as escolas do ensino médio sejam integrais, e com cursos técnicos profissionalizantes.
Você pretende manter a gestão militarizada?
De acordo com a lei de gestão democrática, é a comunidade escolar que deve decidir. O que cabe ao secretário de Educação é oferecer projetos para as escolas, que têm realidades completamente diferentes entre si. Por exemplo, a Islândia era um país que tinha a maior parte da sua juventude viciada em drogas, em álcool, com altas taxas de suicídio. Como eles renovaram? Com esportes, artes e cursos profissionalizantes, podemos trazer essa metodologia para cá também, para as comunidades escolares decidirem.
Acha que uma oposição dividida pode levar à reeleição do governador Ibaneis?
Acho que a oposição não estará dividida e a rejeição do Ibaneis vai fazer com que ele não seja reeleito.
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