Muito antes de se tornar uma sensação nacional pelo desempenho na Copa do Brasil de 2022 — o time está na terceira fase —, o Ceilândia Esporte Clube carregava consigo a responsabilidade de orgulhar e representar a maior região administrativa do Distrito Federal nos gramados. Com 42 anos de história no futebol, o Gato Preto ostenta uma relação bastante íntima criada desde os primórdios da cidade a qual carrega o nome. Apelidado, não a toa, de o time do povo, a agremiação é o ápice paixão de quase 430 mil habitantes.
A construção da história do Ceilândia é ligada, intimamente, com a da cidade. E se confunde, ainda, com a de Francisco da Silva, de 81 anos. Oito anos antes do surgimento da Comissão de Erradicação das Invasões (de sigla CEI, completada com o sufixo "lândia" para completar o nome da região administrativa), o time deu os primeiros passos ainda em caráter amador como Dom Bosco Esporte Clube ao ser fundado por seu Chicão, como é conhecido, na Vila do IAPI, em 1963. O atual roupeiro esteve ao lado do time desde então.
Solução
Quando Ceilândia dava seus primeiros passos como região, o clube se mudou para cidade. "A dona Maria de Lourdes (então administradora da cidade) nos recebeu muito bem. Disse para escolhermos o nome do time, e íamos adotar Dom Bosco, mas os diretores do futebol amador foram contra", conta seu Chicão. Daí, nasceu o laço maior. "Eu disse ter uma solução. Tinha o Gama, o Taguatinga, o Guará, o Sobradinho, o Planaltina, o Brazlândia e o Desportivo Bandeirante. Todos representando o nome da cidade. Sugeri a Maria colocar Ceilândia Esporte Clube e ela disse que eu estava certo", relembra.
Confira o especial Ceilândia 51 anos
Com isso, iniciou-se uma relação de pertencimento com a região administrativa que norteia os princípios do time. "O Ceilândia Esporte Clube é um movimento organizado que leva o nome da cidade. Então, quando falamos de futebol, estamos falando da cidade", destaca Ari de Almeida, atual presidente do Gato Preto, mas com a história ligada a ele por quase toda a vida. "Nenhum lugar do Brasil teve o futebol nascido no mesmo dia. A Ceilândia tem. As coisas estão ligadas", completa.
Bicampeão candango em 2010 e 2012, o Ceilândia foi construindo sua história levando o nome da região por onde passou. "Daquele tempo para cá, o time está sendo superior. Estamos aqui para representar a cidade. É o time da cidade", enfatiza Francisco. "Se for em qualquer lugar do DF, as pessoas falam da cidade e do futebol, complementa Ari. Até mesmo o atual elenco, responsável pela melhor campanha da história do clube na Copa do Brasil, sabe da importância. "A torcida mora no meu coração. É por eles sempre", destaca o zagueiro Gabriel Vidal, autor do gol da classificação do time contra o Avaí.
No aniversário de Ceilândia, o clube deu o presente antecipado com o bom desempenho nacional e segue vivo na luta pelo título candango. Além das cores preta e branca, adotadas pelo Dom Bosco em alusão a Santos e Botafogo, referências esportivas da época, o time do povo faz questão de levar consigo bandeiras hasteadas ainda nos primeiros anos da relação. "Levamos o valor sentimental. O Ceilândia, assim como a cidade, está tocado de afeto. O que carregamos até os dias de hoje é a resistência. Não aceitamos que ninguém marginalize o time ou a cidade. Lutamos pelo nome. Se for pela Ceilândia, a gente luta", garante Ari.
Saiba Mais
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.