Por volta das 6h, o Sol surge no céu da capital do país. Mas para os trabalhadores que ganham o sustento na Feira do Produtor na Ceilândia, o dia começa muito mais cedo. O local que foi inaugurado um ano após a criação da cidade mais populosa do Distrito Federal, hoje é um importante ponto de vendas para vários feirantes locais.
Confira neste link o especial completo que o Correio preparou para os 51 anos de Ceilândia.
Localizada hoje na QNP 1, da Ceilândia, a Feira primeiro funcionou no centro, próxima da 15ª Delegacia de Polícia da cidade. Mas, no mesmo passo que a cidade se expandiu, a feira precisou de um lugar maior, assim, ficou alguns anos funcionando onde hoje é a Estação Feira do metrô até se firmar no espaço próximo ao Sol Nascente que conta com cerca de 150 mil m².
Após passar pela placa que dá nome a feira, é possível ver um espaço coberto que tem, ao todo, 390 boxes e 360 pedras, disponíveis para compra e revenda de produtos.
Particularidade
A princípio, pode até parecer que a Feira do Produtor e as Centrais de Abastecimento S.A (Ceasa) sejam muito parecidas, no entanto, a feira da Ceilândia tem um espaço amplo, que permitiu a criação de áreas de comércio e aéreas residenciais próximas ao espaço em que os alimentos são descarregados, o que beneficia os comerciantes que precisam chegar cedo para conseguir os melhores produtos.
Gilberto Reis tem 44 anos e trabalha como feirante desde pequeno, quando ainda morava no Piauí. O homem usa o espaço da Feira de Ceilândia para vender e é um dos "guerreiros" que chega cedo. "Tem que acordar cedo, porque eu fico o dia todinho aqui e se eu for para casa eu perco isso [as mercadorias]. Se eu for para casa e deixar essa mercadoria aqui e aí como é que eu vou fazer o dinheiro para comprar outra?", explica.
"Daqui eu levo meu sustento, levo meu dinheiro para comprar o feijão, a carne, levo uma verdurinha daqui e moro aqui pertinho", explica. "Já me acostumei a trabalhar em feira porque toda hora a gente tem um trocadinho", Gilberto relatou também.
Alex David, tem 22 anos e começou a trabalhar na feira aos 12 anos de idade e afirma que é um bom ponto de vendas. "Eu mesmo vendo aqui na bandejinha [frutas e legumes] embalado, compro aqui mesmo do pessoal do atacado e já seleciono, embalo na hora e vendo mais para o pessoal que leva para casa que leva para fazer um almoço, pessoal de sacolão", detalha.
De acordo com o presidente da feira, Vilson José de Oliveira, nestes quase 50 anos de história o espaço se tornou um importante ponto de comércio que gera, em média, cinco mil empregos de forma direta e indireta. "Nós contribuímos de forma significativa para o desenvolvimento econômico e social, não só do Distrito Federal mas de todo o país, porque recebemos mercadorias de tudo quanto é lugar do país e (também) mandamos para tudo quanto é lugar do país", explica.
Feira não fechou nem durante a pandemia
Por ser um local de abastecimento, a Feira permaneceu aberta durante toda a pandemia, seguindo as normas sanitárias. "Não sofremos um impacto tão direto, ao contrário de outras feiras que são de varejo", explicou o presidente do espaço.
Segundo Vilson, a produção não deixou de cair, mas o fato de muitos comércios e restaurantes terem fechados, impactou a maneira como o local funcionava. "Com muita habilidade, com bastante calma, a gente conseguiu passar esse período".
Alex foi um dos que seguiu trabalhando no espaço no período da pandemia e relata que alguns comerciantes e conhecidos dele do local morreram de covid-19. "A gente não tem nada a reclamar, muitas pessoas a gente acabou perdendo [neste período], pessoas conhecidas da feira toda e estamos aí na luta", comenta.
A crise financeira também tem afetado o trabalho segundo Alex. "O preço aumentou, se você observar, vai ver que subiu bastante em relação à tudo, tudo mesmo, mas a gente não pode ficar parado, porque se a gente para, tem outras pessoas que dependem da gente", explicou.
A feira funciona de segunda a segunda, das 5h da manhã até as 17h e fica localizada na QNP 1, próximo ao Sol Nascente.
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