Foi no começo do outono de 1971, que o então governador Hélio Prates e comitiva lançavam a pedra fundamental de Ceilândia, era um dia quente e a brisa no cerrado descampado levantava uma poeira fina, vermelha, quando os caminhões chegaram para assentar as primeiras famílias vindas da Vila do IAPI e do Morro do Urubu, ali bem perto da antiga Cidade Livre, hoje Núcleo Bandeirante
Nas carrocerias, tábuas entortadas, trouxas de roupa, fogões, cadeiras e mesas velhas. Nos olhos das famílias, o sonho de mudar de vida e a alegria de conseguir um pedaço de terra para viver na capital da esperança. Hoje, perto de meio milhão de pessoas, Ceilândia é uma cidade vigorosa, com um campus da Universidade de Brasília (UnB), grandes empresas, comércio independente e um povo incansável.
Confira o especial Ceilândia 51 anos
A reportagem do Correio ouviu depoimentos emocionados de moradores das mais diversas regiões que reafirmaram a relação de afeto com a cidade. "Cheguei aqui, em 1976, quando não tinha asfalto, era só poeira. Como não tinha água encanada, as pessoas ainda pegavam água no chafariz. Vi a cidade e as pessoas crescerem", relembra a pioneira Maria da Conceição Ferreira Evangelista, assistente social. Conhecido nas rodas de samba da cidade, Negro Vatto, policial aposentado, destaca uma das características da cidade. "O Nordeste todo mora aqui. A feira, a casa do cantador… Ceilândia representa muito!".
O forrozeiro Chico Ramalho lembra que "quando chegou, em 1989, Ceilândia me abraçou e eu abracei a cidade também". O Mestre Jânio, da Associação Brasileira de Capoeira Arte Luanda, localizada no Setor P Sul, enche o peito para falar do começo da cidade. "Era só buraco, não tinha água e nem infraestrutura básica. Eu vi Ceilândia crescer", rememora feliz o capoeirista, que é oficial da reserva da Polícia Militar do DF. Essas e outras histórias estão nas páginas deste caderno especial.
As duas imagens da Caixa D'Água de Ceilândia que ilustram a página simbolizam muitos dos depoimentos colhidos pelos repórteres Renata Nagashima e Naum Giló. A da direita, remete ao passado, com luta diária pela água e por mais infraestrutura; já a da esquerda nos lança ao futuro, com a modernidade das torres digitais sobre o monumento. Parabéns, gente boa de Ceilândia!
José Carlos Vieira, editor
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