O Distrito Federal assistiu a mais um caso de intolerância religiosa nesta quarta-feira (23/3). Um homem invadiu o terreiro Ilê Axé Omò Orã Xaxará de Prata/Ofa de Prata, situado na zona rural de Planaltina, com um facão e destruiu esculturas de orixás no local. O crime aconteceu na manhã desta quarta-feira (23/3). O caso foi registrado na Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Religiosa (Decrin).
Pedaços de esculturas no chão marcam o rastro de destruição deixado pelo homem, que não teve a identidade confirmada. De acordo com imagens de um dos vídeos cedidos ao Correio (veja abaixo), o suposto invasor aparece visivelmente alterado, se arrastando no chão. No final da gravação, ele foge pela mata, após uma das pessoas presentes no local pedir para ligarem para o Batalhão Rural da Polícia Militar do DF, que esteve no local.
As imagens fazem parte do chamado Vale dos Orixás e foram desenvolvidas por meio de um projeto da comunidade que contou com a ajuda de crianças da região e um escultor que possui deficiência visual, irmão da yalorixá Suely Gama, responsável pelo terreiro. “Estive lá no domingo (21/3), é um lugar tão lindo e bem cuidado”, pontua a conselheira cultural Rita Andrade, que esteve no local para gravar cenas para um documentário sobre intolerância religiosa.
O terreiro possui, ainda, um trabalho de assistência social na comunidade. “Eles fazem a distribuição de cestas de alimento e dão suporte às pessoas que necessitam”, diz Rita. Para ela, casos de intolerância estão ligados ao racismo religioso. “Temos que olhar para esses casos como crime de racismo, que está ligado à propagação do ódio ao povo negro e sua cultura”, diz. A conselheira cultural lamenta o ocorrido. “Eu já vivi isso no terreiro da minha família, quando vi um trator passar por cima. É muito impactante ver toda essa violência sendo reproduzida, toda comunidade de Axé fica muito abalada”, pondera.
A yalorixá Suely, responsável pelo terreiro, foi procurada mas estava prestando depoimento na Delegacia. Até a publicação da reportagem, não houve retorno. O Correio procurou, ainda, a divisão de comunicação da Polícia Civil para esclarecimento dos fatos. Mas, até o momento, nenhum boletim de ocorrência havia sido registrado. Veja, abaixo, fotos do local antes de ser destruído.
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