Crime

Mulher se desespera com falso sequestro: "Deixe a minha filha livre"

O Correio teve acesso aos áudios de alguns dos casos em que a quadrilha fez a ligação pedindo dinheiro de resgate. Dentre elas, uma mulher que acreditou que a filha corria perigo, se desesperou durante a ligação

Ana Maria Pol
postado em 20/03/2022 19:29 / atualizado em 20/03/2022 19:29
 (crédito: Creative/Commons/Divulgação)
(crédito: Creative/Commons/Divulgação)

Uma associação criminosa especializada em falsos sequestros, que foi alvo de uma operação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), na última semana, fez várias vítimas. O Correio teve acesso aos áudios de alguns dos casos em que a quadrilha fez a ligação pedindo dinheiro de resgate. Dentre elas, uma mulher que acreditou que a filha corria perigo, se desesperou durante a ligação: "Moço, por favor, deixe a minha filha livre”.

O áudio mostra o momento em que a vítima pede pela vida da filha. “Ao invés de matar ela, mata eu, moço”. O sequestrador pede, então, para a mulher se acalmar. “Eu estou falando para você que ninguém vai fazer mal com ela não”, diz. Em seguida, a mulher responde. “Eu não tenho nada a perder mais”, lamenta. Em resposta, o homem dispara: “Não pensa dessa forma. Se você continuar, eu vou ter que desligar. Então fica calma, vai ficar tudo bem com ela”, diz. 

Relembre

A 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul) cuida do caso, denominado Operação Fraus. Na última semana, seis pessoas envolvidas no crime foram presas. Segundo o delegado responsável, Maurício Lacozzilli, um deles ainda está foragido. O modus operandi dos criminosos era ligar para as vítimas, em sua maioria idosos, afirmando que teriam sequestrado algum familiar e exigiam uma quantia financeira pelo suposto resgate. As ligações eram feitas durante a madrugada para causar mais temor nas vítimas e dificultar que elas entrassem em contato com a pessoa que teria sido sequestrada.

O grupo também enviava um motoboy para recolher o valor do resgate diretamente na residência de quem sofreu o golpe, o que gerava ainda mais receio nas vítimas pelo medo dos bandidos saberem seus endereços. Os motoqueiros ajudavam no processo de fazer a transferência por aplicativo ou via Pix, exigir quantias em dinheiro, pegar jóias e objetos de valor na casa das pessoas ou até mesmo acompanhar as vítimas até uma agência bancária para que fizessem saques do dinheiro que seria entregue pelo resgate.

A polícia investiga o caso desde outubro de 2021, quando houve prestação de queixa sobre o acontecimento. No total, foram 20 ocorrências apuradas, a maioria na Asa Sul e outras na Asa Norte, Ceilândia e Taguatinga. Cinco delegados, 36 agentes e três escrivães participaram da operação. Os autores, presos no Pistão Sul, Pôr do Sol e Paranoá, irão responder por 20 extorsões, com penas de quatro a 10 anos de prisão para cada uma, e pelo crime de organização criminosa, com reclusão de três a oito anos.

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