Preso desde fevereiro, Jeferson Barbosa dos Santos, 26 anos, apontado como o principal suspeito de assassinar mãe e filha em um córrego do Setor Habitacional Sol Nascente, apresentou versões contraditórias nos depoimentos prestados aos investigadores da 19ª Delegacia de Polícia (P Norte). Em uma delas, ele atribuiu a autoria do duplo homicídio a um amigo chamado Kayo. As declarações mentirosas evidenciaram à polícia a personalidade fria, cruel e calculista de Jeferson, amigo do serial killer Lázaro Barbosa. Ontem, o inquérito do caso foi concluído e teve como desfecho a prisão de um segundo homem, de 40 anos, que estaria ameaçando testemunhas.
Shirlene e a filha foram encontradas mortas e com os corpos parcialmente enterrados 11 dias depois de saírem de casa para tomar banho no Córrego das Corujas, em 9 de dezembro do ano passado. Ao longo das buscas, a Polícia Civil (PCDF) trabalhou com hipóteses de fuga, latrocínio e sequestro. Em 20 de dezembro, as equipes encontraram os dois corpos cobertos por folhas secas. As investigações revelaram que, na verdade, no mesmo dia em que as vítimas sumiram, Jeferson estava no local e teria tentado "investir" em Tauane. Ao ver a situação, Shirlene tentou defender a filha e acabou sendo esfaqueada 37 vezes.
Foragido, Jeferson teve identidade e foto reveladas pela polícia e foi capturado em 8 de fevereiro na Bahia. Segundo o delegado-adjunto da 19ª DP, Thiago Peralva, no primeiro depoimento, o acusado deu uma versão completamente contraditória dos fatos colhidos ao longo da investigação. "Ele contou que estava no córrego e viu as vítimas com um homem que portava arma de fogo caseira e uma faca. Segundo ele, as duas estariam supostamente rendidas por esse rapaz e ele também foi rendido", afirmou.
Jeferson contou que teria sido obrigado a caminhar com as vítimas no matagal e colocou a culpa dos assassinatos em um amigo. De acordo com a apuração policial, esse tal colega teria adquirido uma motocicleta de Jeferson e estaria com uma dívida de R$ 400.
Desfecho e prisão
Em um segundo interrogatório, o acusado contou que o suposto assassino colocou todos de joelhos, incluindo ele, e, depois, teria começado a esfaquear Shirlene. "Nesse falso depoimento, o autor contou que ficou assustado e até partiu para cima do suposto assassino", detalhou o delegado. Em continuidade a versão, Jeferson disse que conseguiu correr, foi perseguido e, depois de se desvencilhar, ouviu um barulho de tiros. "Não consta nenhum ferimento de arma de fogo no laudo pericial. Ele (Jeferson) ainda contou que fez duas denúncias pelo 197 após o episódio, mas não há qualquer denúncia feita nos dias citados por ele", acrescentou Peralva.
Depois de matar mãe e filha, Jeferson fugiu com a mulher para a Bahia. Aos familiares do DF, ele disse que passaria apenas o Natal na terra baiana e em seguida voltaria. No depoimento, o acusado alegou que foi ameaçado por esse indivíduo. Entretanto, não soube explicar por que ficou com medo, uma vez que os dois não se conheciam. Então, a partir daí, tivemos a certeza de que ele estava mentindo", disse o delegado. Jeferson foi indiciado por homicídio duplamente qualificado, aborto e ocultação de cadáver.
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