Nesta terça-feira (15/3), a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) anulou dois julgamentos realizados em 2017 pelo Tribunal do Júri do Distrito Federal, que condenaram o ex-proprietário da companhia aérea Gol, Nenê Constantino, a 12 anos de prisão. A condenação tinha considerado Constantino como mandante da morte de um líder comunitário e de um motorista de ônibus que trabalhavam na empresa Viação Planeta — também propriedade do empresário.
Para o colegiado, durante o júri, um dos quesitos relativo à autoria apresentou redação complexa e com carga valorativa sobre o réu, violando a previsão legal de que a quesitação seja simples, isenta e de fácil entendimento para os jurados. A defesa de Constantino alegava que não houve isenção por parte do juiz do Tribunal do Júri na elaboração das perguntas para o Conselho de Sentença e que por isso, o julgamento deveria ser considerado nulo.
Três ministros concordaram com a proposição. O relator do processo, o ministro Joel Ilan Paciornik, negou o recurso, mas foi vencido pelos outros três votos de Ribeiro Dantas, Reynaldo Soares da Fonseca e João Otávio de Noronha. O ministro Jesuino Rissato se declarou impedido de votar.
Durante pronunciamento na sessão, Ribeiro Dantas teria lamentado um “erro desse tamanho” ter precisado chegar a um tribunal superior para que fosse percebido.
Ao g1, o advogado de Nenê Constantino, Pierpaolo Bottini revelou que durante o julgamento, teria alertado ao juiz de falas que pudessem induzir a condenação, mas não foi ouvido."O STJ não fez mais que aplicar a lei e exigir que a formação da vontade dos jurados não seja direcionada pela acusação", disse ele
Histórico
Constantino manteve-se longe dos holofotes até o fim da década de 1990, quando entrou no ramo da aviação. Em janeiro de 2001, o empresário confirmou o perfil ousado e fundou a Gol Linhas Aéreas. A empresa começou a operar inovando no mercado aéreo brasileiro. Voos com tarifas baixas e sem gastos com alimentação chamaram a atenção no início dos anos 2000, como indica o perfil do empresário realizado ainda em 2017 pelo repórter Renato Alves.
Além da fundação da Gol, uma investigação do fisco levou Constantino à mídia. Em 2001, o INSS conduziu investigação das companhias de ônibus da família. Na época, o cálculo era que as dívidas seriam de cerca de R$ 240 milhões.
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