A empresa de grãos que sonegou mais de R$ 13 milhões em impostos na capital foi aberta com a utilização de um nome falso. O comércio KRA da Silva EPP está situado na região do Café Sem Troco, no Paranoá, e tem o nome fantasia de Rodocristal. O proprietário, o personal trainer Kayo Rhuan Paulista Alves, 35 anos, usou a identidade de Kayo Ruan Alves da Silva por mais de 10 anos e fez da empresa um negócio cercado de irregularidades e que virou alvo de investigação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), omitindo notas fiscais de vendas e embolsando o dinheiro para si mesmo.
Kayo está preso preventivamente desde terça-feira (8/3), após a deflagração da operação Falsarius, da 16ª Delegacia de Polícia (Planaltina). A apuração revelou que o educador físico levava uma vida dupla para evitar chamar a atenção. De segunda a sexta-feira, ele dava aulas em uma academia do Noroeste, área nobre de Brasília, e andava em carros comuns. Aos sábados e domingos, ostentava em veículos de luxo. Um deles, uma Range Rover, apreendida pela polícia, avaliado em mais de R$ 300 mil.
A somatória de irregularidades começou ainda no ano de fundação da Rodocristal, em 2011. Ao Correio, o delegado Ricardo Fernandes Gurgel, chefe da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Ordem Tributária (DOT), afirmou que entre outubro de 2011 e março de 2013, a empresa do personal suprimiu o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) devido aos cofres do DF mediante as condutas de omitir informações ao fisco distrital, bem como fraudar a fiscalização tributária ao omitir operações tributáveis em livros fiscais exigidos pela Lei, segundo apontado pela investigação que começou dois anos depois, em 2015, quando a DOT instaurou um inquérito para apurar os crimes tributários que teriam sido praticados pelos responsáveis pela KRA da Silva EPP.
A apuração revelou que o responsável pela administração e gerência da KRA da Silva EPP era Kayo que, para constituir o empreendimento, teria usado de um documento falso. Com a conclusão do inquérito, em 2019, o personal foi denunciado pelo MPDFT e passou a responder uma ação penal em curso na 1ª Vara Criminal de Brasília.“O crime foi omitir informações ao Fisco do DF, bem como fraudar a fiscalização tributária ao omitir operações tributárias em registros fiscais exigidos pela lei”, detalhou o delegado. Na prática, a empresa KRA administrada por Kayo escriturou como não tributáveis operações sujeitas a tributação e registrou a menor no livro fiscal eletrônico imposto destacado, completou o delegado Gurgel.
Prejuízo milionário e fuga
A empresa, com capital social de R$ 100 mil, tem como atividade principal o comércio atacadista de cereais e leguminosas, farinhas, etc. O mandado de prisão expedido pela Justiça em 2019 veio somente depois de Kaio ter sido cobrado judicialmente no DF, mas ele sumiu e não foi mais localizado, deixando um rombo nas finanças da capital.
O Correio apurou que na tarde de 31 de dezembro do ano passado, policiais militares de Minas Gerais abordaram Kayo em um veículo, na Avenida Governador Valadares, em Unaí, em atitude suspeita. A equipe verificou ao sistema que contra o personal havia um mandado de prisão em aberto. Contudo, os nomes presentes na identidade e no documento judicial estavam divergentes e, dessa forma, não foi registrado boletim de ocorrência e o homem foi liberado.
Após os policiais da 16ª DP descobrirem o segundo nome utilizado por Kayo, solicitaram à Justiça um segundo mandado de prisão, que foi expedido. Na terça-feira, os investigadores cumpriram um mandado de busca e apreensão na casa do suspeito, no Lago Norte. No local, foram encontrados e apreendidos documentos para instruir a investigação criminal. A ação policial possibilitará o julgamento pelos crimes praticados pelo acusado e também irá proporcionar a cobrança dos débitos tributários milionários pelo GDF.
A reportagem entrou em contato com a defesa de Kayo e aguarda posicionamento.
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