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Depois de fim de semana de estrago, DF está em alerta para novas tempestades

No fim de semana, moradores de Vicente Pires precisaram lidar com alagamentos, vias intransitáveis e casas interditadas com risco desabamento. Clima instável segue nos próximos dias e autoridades alertam que DF está em nível laranja de risco

Arthur de Souza
postado em 15/03/2022 06:00 / atualizado em 15/03/2022 06:44
A advogada Cinthia Barbosa, 38, dona de uma das casas mais atingidas da 3B, contabiliza os prejuízos e tenta recuperar o que sobrou. -  (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
A advogada Cinthia Barbosa, 38, dona de uma das casas mais atingidas da 3B, contabiliza os prejuízos e tenta recuperar o que sobrou. - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

O Distrito Federal está sob o risco de fortes tempestades. Desde a manhã de ontem, até às 11h de hoje, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) colocou a capital federal em alerta laranja em virtude da possibilidade de intensas chuvas em todo o território. De acordo com as avaliações meteorológicas, em um dia, pode chover até 100mm, quase a metade do esperado para todo o mês de março (211,8mm). A medida é suficiente para causar enchentes e muitos problemas para os brasilienses. Além de muita água, os ventos podem atingir velocidades de 100km/h e existe a possibilidade de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores e de descargas elétricas.

Nesse fim de semana, moradores de Vicente Pires passaram por momentos difíceis com a forte precipitação na região. De acordo com o Inmet, choveu cerca de 70mm no local entre sábado e domingo. Ruas com asfalto arrancado, casas e vias cobertas de lama foram alguns dos estragos. Com o volume acima do esperado, a Defesa Civil do Distrito Federal (DCDF) fez uma vistoria em 46 casas e precisou interditar seis, parcialmente, por questões de segurança para os moradores.

Prejuízos incontáveis

Uma das casas mais afetadas foi a da advogada Cinthia Barbosa, 38 anos. Moradora da Rua 3B há 10 anos, ela afirma que, até então, a casa não demonstrava perigo, apresentando apenas os problemas pontuais ocasionados pelas chuvas. "Em fevereiro do ano passado, a água entrou e a gente teve problema com o muro, só que em uma proporção bem menor do que a desse fim de semana", conta. Dessa vez, a força da tempestade foi maior e ela teve parte da casa submersa. "Na chuva de sábado, não teve como a gente sair de casa. Só deu tempo de pegar os meus filhos e, junto ao meu marido, subir para o primeiro andar", lembra.

De lá, ela diz que foi possível ouvir os objetos da casa quebrando e conseguiu sentir a casa tremer um pouco, por conta do carro que ficou boiando e acertando as paredes. "A gente só ficou abraçado lá cima. Conseguimos resgatar um dos nossos cachorros, que passou boiando na escada. Os outros, graças a Deus, ficaram a salvo na parte da churrasqueira — que não foi atingida", comemora. A moradora ainda não consegue contabilizar os prejuízos. "Aqui dentro, não salvou nada. Minha casa está com lama, entulho e não temos condição física, emocional ou financeira para fazer todos os reparos. Não tivemos, até o momento, nenhuma ajuda de algum órgão do governo", denuncia a advogada.

Situação parecida é vivida pela dona do lava-jato Ya Car — localizado na Rua 3 —, Yasmin Barros, 29. Ela conta que estava em casa quando soube que o toldo de seu estabelecimento havia cedido. "Aconteceu por volta de 15h e estava fechado. Uma das lojas vizinhas estava funcionando e me avisou. Disseram que foi um barulho muito grande e dava a impressão de que ia cair em cima dos carros", narra. Da mesma maneira que Cinthia, ela se ressente por não ter sido procurada para receber nenhum tipo de assistência ou orientação. "Graças a Deus não tinha ninguém e o prejuízo foi só material, que vai ficar por volta de R$ 5 mil reais. Ainda não fui procurada por nenhum órgão para saber se vou ser indenizada", informa Yasmin.

Ao Correio, o Administrador Regional de Vicente Pires, Daniel de Castro, disse que a intenção é de, no primeiro momento, cuidar das pessoas. De acordo com o gestor da região, a administração — junto ao Corpo de Bombeiro e a Defesa Civil — deve visitar todas as casas afetadas. "A nossa intenção é ajudar o morador. Essa é a coisa mais importante a se fazer, trazer a normalidade para a casa de cada um atingido", destacou. "Sobre reparação do dano material dos moradores, este é um segundo momento que eu imagino que eles devem procurar juntos aos órgãos competentes, não tenho a menor dúvida. Estamos conversando com o gabinete do governador, através do nosso secretário de governo, para descobrir uma alternativa para isso", frisou Daniel.

  •  14/03/2022 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - Estragos da chuva em Vicente Pires. Rua 12 a águas da chuva levou o asfalto.
    Na Rua 12, água acabou com o asfalto e acesso ficou difícil Fotos: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  •  14/03/2022 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - Estragos da chuva em Vicente Pires. A água invadiu a casa causando prejuizos e derrubou os muros na rua 3 B.
    A advogada Cinthia Barbosa, 38, e a família viveram momentos de pânico no último temporal Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  •  14/03/2022 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - Estragos da chuva em Vicente Pires. Rua 12 a águas da chuva levou o asfalto.
    14/03/2022 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - Estragos da chuva em Vicente Pires. Rua 12 a águas da chuva levou o asfalto. Fotos: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press

Cuidados redobrados

O tenente-coronel Gabriel Motta, engenheiro da Defesa Civil, esteve com uma equipe em Vicente Pires para fazer um balanço dos estragos. "O maior problema encontrado foi nos muros de divisa. A gente tem um desnível muito grande entre as casas e esses muros, com o volume de água que chegou neles, não conseguiram segurar. Muitos tiveram colapso parcial e, alguns, total", detalhou. "Estamos agindo com muito cuidado, porque pode vir futuras chuvas. A Defesa Civil vai continuar acompanhando a situação. Estamos orientando a população, para caso a chuva volte, e estamos monitorando tudo para que não ocorra nenhuma vítima, como não houve até agora", acrescentou o tenente-coronel.

Ele orientou a população e informou que, se o nível da água começar a invadir a casa, não é recomendável ficar próximo a muros e que é preciso avaliar a necessidade de procurar um local seguro, mais elevado. "Além disso, na hora da emergência, não ficar atento aos bens materiais, tentar salvar a vida primeiro, e chamar o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil", esclareceu Gabriel.

Mais água

Francisco de Assis, meteorologista do Inmet, diz que as chuvas e trovoadas devem persistir, de maneira significativa, hoje e, também, no resto da semana. "No período de verão, é normal isso acontecer. A liberação de calor latente, que acontece com as aberturas de sol, favorece a condição de nuvens de pancadas de chuvas e trovoadas", detalha.

Segundo o meteorologista, a pausa nas chuvas deve acontecer apenas no fim de semana. Até o momento, o maior volume acumulado de chuva, no período de 1° a 14 de março, foi no Gama (96,6mm), que corresponde a 45% do esperado para o mês (211,8mm).

 

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- Obtenha mais informações junto à Defesa Civil (telefone 199) e ao Corpo de Bombeiros (telefone 193).

Fonte: Inmet

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