Categorias esquecidas

Correio Braziliense
postado em 13/03/2022 06:00 / atualizado em 13/03/2022 09:40

O combate ao novo coronavírus, contudo, não se deve somente aos profissionais da área da saúde. Diversos outros trabalhadores foram primordiais. Zilma Oliveira, 36 anos, vigilante da UBS 12 de Samambaia, conta que em nenhum momento deixou de trabalhar durante a crise sanitária. "No começo, foi mais difícil, porque tinha medo de levar o vírus para os meus filhos. Entrei em desespero. Querendo ou não, somos uma das primeiras pessoas que o paciente encontra no posto, nós que entregamos a senha, orientamos para onde ele tem que ir, perguntamos o que ele está procurando. Quando saia do meu serviço, trocava de roupa e levava em um saquinho para não levar o vírus para casa", lembra.

Representante do sindicato dos vigilantes, Gilmar Rodrigues, 57, detalha que 63 profissionais morreram devido ao vírus. "Nossa categoria sofreu muito. Mesmo assim, não paramos de trabalhar, e o nosso sindicato entregou 50 mil máscaras durante esse tempo", afirma. Os amigos do vigilante Francisco das Chagas, 54, morador de Ceilândia, fazem parte das estatísticas apresentadas por Gilmar. "Quatro colegas que dividiam plantão comigo faleceram. Um deles tinha asma e bronquite, já era uma pessoa de risco. E, além deles, teve outros colegas mais distantes que morreram. Meu maior medo era, justamente, pegar a doença e levar para casa. A gente já trabalha de noite sob tensão, com o vírus, a situação piorou muito. Ver as pessoas próximas morrendo é desesperador", confessa.

A higienização também desempenhou um papel fundamental para manter os espaços livres da contaminação do Sars-CoV-2. Encarregada de limpeza do Hospital Universitário de Brasília, a moradora do Riacho Fundo 2 Ana Raquel Siqueira, 35, destaca que o começo da pandemia foi "aterrorizante". "Todos os dias, chegavam novas orientações de como lidar com a doença, tudo era novo. Tinha o pânico em sair de casa e ser acometido pela doença", conta.

Representante do Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio, Conservação, Trabalho Temporário, Prestação e Serviços Terceirizáveis no DF (Sindiserviços), Maria Isabel Caetano pondera que, mesmo com a dedicação dos profissionais, a categoria sofre com a falta de reconhecimento. "As pessoas precisam se conscientizar sobre a importância do nosso serviço. Sem a limpeza, como as outras pessoas vão trabalhar, principalmente com o novo coronavírus? A limpeza é um instrumento essencial", defende.

 

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