O presidente do Sistema Fecomércio, José Aparecido Freire, disse que os estabelecimentos vinculados à entidade vão cumprir "estritamente o que está previsto no decreto" que desobriga o uso de máscaras em locais fechados no Distrito Federal, publicado na quinta-feira (10/3). Em entrevista ao Correio nesta sexta-feira (11/3), ele comentou a medida divulgada pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) e disse que a entidade está de acordo com a suspensão das normas de biossegurança.
"Nós apoiamos as medidas. Até porque outros estados já tinham feito essa liberação. Isso foi avaliado pela equipe técnica da Secretaria de Saúde. O governador fez esse decreto baseado em números", declarou. Freire lembrou o atual estágio da pandemia no DF, com a taxa de contaminação variando próximo a 0,60 nos últimos dias, e disse que não acredita que os estabelecimentos filiados à Fecomércio decidam manter por conta própria algum tipo de restrição.
"Nós não podemos obrigar os funcionários a fazer algo que não está no decreto", declara. De acordo com ele, ainda não houve pedido de esclarecimento em relação à medida. Além disso, a entidade também não convocou os comerciantes para debater a questão. "É algo muito novo e nós precisamos aguardar um pouquinho para ter reação, não pudemos nos reunir com ninguém", informou.
Equipamento de proteção individual
O texto, publicado em edição extra do Diário Oficial do DF (DODF) na quinta-feira (10/3), manteve um ponto que fala sobre o uso de máscara como equipamento de proteção individual (EPI). Diz o artigo 2º, item 1: (impõe-se a observância de) utilização de equipamentos de proteção individual, a serem fornecidos pelo estabelecimento, por todos os empregados, colaboradores, terceirizados e prestadores de serviço.
Escrito desta forma, o texto dá a entender que todos os estabelecimentos comerciais em funcionamento devem fornecer e exigir EPIs, incluindo máscaras faciais, para os funcionários. O Correio perguntou ao governo do DF especificamente sobre esse trecho da norma. A resposta recebida, via assessoria de imprensa, foi que os equipamentos devem ser fornecidos apenas para as profissões que já faziam uso deles antes da pandemia.
Entretanto, a comunicação do Buriti diz ainda que nada impede que os comerciantes e comerciários mantenham o uso de luvas, máscara e escudo facial, como já vinham fazendo desde o começo da pandemia.
Graças ao avanço da vacinação
Desde 2020, as sucessivas ondas de contaminação e o surgimento de variantes deixaram a população em alerta. Por isso mesmo, algumas pessoas sentem-se pouco seguras para deixar de usar máscara de proteção neste momento. Entretanto, o infectologista Leandro Machado acredita que seja pouco provável que o relaxamento de protocolos de segurança provoque uma nova onda de superlotação nos hospitais.
"Até o início da vacinação, quando não tínhamos muitas pessoas imunizadas com a segunda dose da vacina, fazia sentido a obrigatoriedade da máscara. Ainda não tínhamos resistência e anticorpos suficientes para lutar contra o vírus. Agora que a maioria já está imunizada, o cenário é outro", explica.
O Distrito Federal já vacinou 80,37% da população adulta com duas doses até o momento, 34,89% com o reforço e 55% do público infantil com a primeira dose. O médico acredita que este fator seja o grande responsável pelo cenário de otimismo que se desenha no horizonte.
"A gente ainda corre risco de ter uma nova variante. Quanto mais pessoas infectadas com o vírus, maior a chance de ter uma nova mutação e que seja mais infecciosa. Esse é o risco. Apesar disso, a não obrigatoriedade do uso de máscara não vai fazer com que os hospitais fiquem mais lotados, que tenham mais internações", ressalta.
Outro ponto levantado pelo infectologista, é que o hábito de usar máscaras de pano deu à população uma falsa sensação de segurança. "Elas são lavadas com frequência e isso faz com que os poros do tecido se abram e, assim, diminui a eficácia. Nós temos a falsa sensação de que com a máscara de pano nós estamos bem protegidos e não estamos", comenta.
Machado também lembrou que é possível que as pessoas decidam, individualmente, manter o equipamento caso sintam-se em risco. "Se você está em alguma situação que se sente inseguro, fique livre para usar a máscara. O termômetro é esse. Em alguns locais, como clínicas e hospitais, por exemplo, a máscara ainda será necessária", lembra.
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