corrida aos postos

Gasolina acaba em postos do DF após corrida para abastecer antes de novo aumento

Motoristas correram para encher o tanque após anúncio de que a Petrobras aumentou em 18,7% o valor do combustível

Aline Brito
Taísa Medeiros
postado em 10/03/2022 23:32 / atualizado em 11/03/2022 00:37
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Já não é mais possível encontrar gasolina em alguns postos de combustíveis do Distrito Federal. Com o aumento nas refinarias, anunciado pela Petrobras nesta quinta-feira (10/3), os motoristas que estavam com o tanque do carro no vermelho correram para abastecer a R$ 6,59. Depois do grande fluxo, com filas quilométricas, alguns postos fecharam mais cedo e, em outros, o combustível não foi suficiente.

Na quadra 105 da Asa Sul, um posto de gasolina fechou mais cedo para que os funcionários conseguissem ir embora no horário, já que motoristas formaram filas desde às 7h desta quinta (10/3). No local, a gasolina só não acabou porque as bombas foram reabastecidas duas vezes ao longo do dia. De acordo com funcionários, o estabelecimento faturou mais de R$ 100 mil em vendas.

Em outro posto, na altura da quadra 212 da Asa Sul, no Eixo, o combustível acabou por volta de 21h20. Os dois frentistas que trabalham no local venderam, juntos, R$ 94 mil e, segundo eles, foi o maior número de vendas já registrado em um só dia. Na 208 Sul, mais um estabelecimento ficou com as bombas sem combustível. A gasolina comum acabou por volta das 19h, mas ainda é possível encontrar a aditivada e etanol.

O Correio percorreu mais de 10 pontos de abastecimento no DF e encontrou motoristas insatisfeitos com o novo aumento de 18,7%, que deve elevar o preço da gasolina para mais de R$ 7. “Eu vim correndo para o posto quando fiquei sabendo do aumento. Está muito difícil sair de casa com o carro, eu preciso do carro para trabalhar e está cada dia mais complicado manter”, relatou a pedagoga Edinalva Clemente, que ficou mais de 40 minutos na fila de um posto na 110 Sul.

“Com esses aumentos de gasolina, a gente sempre fica refém porque precisamos sair de casa para trabalhar. O transporte público não funciona bem, então a gente não tem outra saída”, disse Edinalva. Ela assume que ficou assustada com o tamanho da fila no posto. “Estava enorme”, afirmou.

Influência da guerra

A guerra da Rússia contra a Ucrânia tem provocado aumento no valor do barril do petróleo, o que empurra os preços dos combustíveis para as alturas. “Não é só o custo do barril do petróleo, mas também de seus derivados que são refinados a partir do petróleo, como a gasolina e o diesel. Como a Petrobras produz nas suas refinarias apenas 75% a 80% do que o mercado brasileiro consome, ela precisa importar do mercado internacional parte do produto refinado”, explicou Paulo Tavares, presidente do Sindicato de Combustíveis do DF, o Sindicombustíveis.

Com o reajuste, as distribuidoras passam a receber, a partir de 00h de sexta-feira (11/3), o produto mais caro e, na primeira hora do dia, os postos de combustíveis devem repassar o reajuste para os consumidores. “Depende do estoque de cada posto de gasolina, mas é provável que chegue logo ao consumidor. O aumento é muito grande, representa praticamente 10% do preço da bomba. Levando em conta que o lucro médio de um posto de gasolina no DF é em torno de 7%, é improvável que o revendedor absorva esse reajuste de 10%”, alertou Tavares.

O presidente do Sindicombustíveis é proprietário de três postos no DF e afirmou ao Correio que, em todos eles, a gasolina acabou nesta quinta-feira (10) devido à grande procura dos motoristas. “Em minha distribuidora já está mais caro para amanhã, [mais] 0,57 centavos o litro da gasolina. Amanhã (sexta-feira) terei de repassar para o consumidor, infelizmente”, contou o empresário.

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