A tendência de queda de casos diários e da taxa de transmissão do novo coronavírus no Distrito Federal deve seguir, mesmo após os blocos de carnaval terem ido às ruas ilegalmente este ano, contrariando o cancelamento do evento oficial. A análise é do infectologista Hemerson Luz, que espera baixo impacto da atitude dos grupos que desrespeitaram regra imposta pelo governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), em decreto publicado no Diário Oficial do DF (DODF) e insistiram em promover a folia. Na época, a capital registrava falta de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) de covid-19 nas redes pública e privada.
Hemerson acredita que a capital terá um leve aumento de casos isolados. "Provavelmente de pessoas que quebraram a regra indo às comemorações em aglomeração", afirma o infectologista. Porém, a postura de cautela permanece tanto entre os especialistas quanto por parte dos agentes públicos. Sobre a possibilidade de liberação do uso de máscaras de proteção contra a doença em locais fechados, o governador Ibaneis afirmou ao Correio que aguarda queda suficiente nas taxas de infecção do vírus e de ocupação de leitos de UTI para flexibilizar as medidas protetivas contra o vírus, "além de outros paralelos internacionais com os países que reduziram a pandemia para endemia".
O infectologista esclarece que a possibilidade da mudança de classificação de pandemia para endemia, citada por Ibaneis, se dá porque, quando começou a crise sanitária, em 2019, a humanidade não tinha anticorpos. "Hoje, temos uma situação vacinal muito boa", argumenta. O profissional de saúde acrescenta que o DF tem um nível elevado de anticorpos. "Com a taxa de transmissão baixa e as de ocupação de UTIs baixando, estamos no momento ideal para discutir a retirada de máscaras em áreas externas e internas", acrescenta.
Boletim
Com indicador em 0,60, a taxa de transmissão do novo coronavírus voltou a atingir, ontem à tarde, o menor índice desde o início da pandemia. Informações do Boletim Epidemiológico da Secretaria de Saúde do DF (SES) mostram que o índice viral continua em queda. Na última terça-feira, a taxa de transmissão estava em 0,61. Pelo índice, cada grupo de 100 pessoas infectadas podem transmitir o vírus para outras 60. Quando a taxa está abaixo de 1, a pandemia está controlada, conforme análise da Organização Mundial de Saúde (OMS).
A SES registrou mais seis mortes em decorrência de complicações da covid-19. Dessas, quatro vítimas eram homens e duas mulheres. Ao todo, 11.488 pessoas morreram na capital do país desde o início da pandemia. Entre elas, 993 moravam em outro estado, sendo 854 em Goiás.
Em relação aos infectados, 380 novos casos positivos foram registrados, sendo que o total de contaminados na capital federal chegou a 687.012. Desde o início da pandemia, a secretaria contabiliza que mais de 611 mil são moradores do DF infectados, 36 mil de Goiás, oito mil de outros estados. Há, ainda, 30 mil casos em investigação.
A média móvel de infecções atingiu a casa de 804 casos, o que representa uma queda de 73% em relação a 14 dias atrás. A média móvel de óbitos ficou em 12, o que representa uma queda de 3%, uma indicação de estabilidade na comparação com o cálculo no mesmo período de comparação.
Vacinação infantil
Como alternativa para pais e responsáveis, as secretarias de Educação e de Saúde, decidiram realizar uma ação contra a covid-19, vacinando crianças de 5 a 11 anos no ambiente escolar, aos sábados, a partir de 19 de março. A primeira região administrativa a participar da ação é o Guará.
Ao Correio, a secretária de Educação, Helvia Paranaguá, disse que a medida é uma alternativa importante para a saúde dos pequenos. "Muitos pais trabalham durante a semana e não conseguem levar os filhos para tomar a dose contra a covid-19. Por isso, estamos criando mais uma alternativa no DF. Além disso, o espaço foge do ambiente de saúde, tornando mais lúdico e atrativo para as crianças", relatou a responsável.
Além disso, Hélvia destacou que a escolha dos próximos locais vai depender da análise desta primeira ação, mas que o objetivo é alcançar uma cidade por semana. Como o imunizante aplicado nas crianças de 5 a 11 anos é a Pfizer infantil, somente esse público receberá o atendimento.
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