Empoderamento, autoafirmação e equidade. Essas são algumas das premissas ressaltadas durante março, o mês da mulher. Celebrado no dia 8, o Dia Internacional da Mulher também remete à ideia de autocuidado. Principalmente no que diz respeito a doenças exclusivas desse público, como é caso do câncer de colo de útero.
Mundialmente, cerca de 300 mil mulheres perdem a vida ano após ano devido à patologia. No Distrito Federal, para ter uma ideia, o Instituto Nacional do Câncer (Inca), estima 260 novos casos por ano. Lembrando que, esse número chegou já a 457 internações em 2020.
“O que mais preocupa é o fato de estarmos falando de uma doença que pode ser prevenida e curada, caso seja identificada precocemente”, enfatiza o oncologista Augusto Portieri, do Centro de Câncer de Brasília (Cettro).
O especialista ainda frisa que outro ponto fundamental é o fato de poucas doenças darem a oportunidade de ser identificada através de exames simples. “As alterações que podem aparecer no colo do útero capazes de se tornarem um câncer no futuro, muitas vezes levam até 10 anos”, completa o médico. “E essas alterações são percebidas facilmente no exame preventivo, chamado de Papanicolau ou captura híbrida”.
Então, se trata-se de uma doença de identificação tão simples, por que ainda há registro de tantos casos, seguidos de consequentes mortes?
“Falta de informação”, responde Augusto Portieri. Segundo ele, as pessoas não recebem informação sobre como fazer os exames preventivos ou não têm acesso a eles.
O câncer de colo do útero, com exceção do câncer de pele não melanoma, é o terceiro tipo de tumor em incidência nas mulheres, depois do tumor de mama e do colorretal. Em alguns lugares, como na região norte do Brasil estima-se que seja o tipo de câncer mais comum nas mulheres, excluindo o câncer de pele.
“Batemos sempre na mesma tecla, mas é preciso reforçar que a prevenção é a melhor forma de se tratar o câncer de colo de útero”, alerta o oncologista.
O médico recomenda a realização do exame preventivo conhecido como Papanicolau anualmente nos primeiros anos, para toda mulher que já teve ou tem vida sexual.
O oncologista Augusto Portieri explica que a doença é desenvolvida pela infecção do Papilomavírus Humano (HPV), que pode ser evitada ou tratada, na maioria dos casos, com a vacina tetravalente que faz parte do calendário vacinal na adolescência. Contudo, em alguns casos de infecções persistentes, a paciente pode sofrer alterações celulares, denominadas lesões precursoras, que podem evoluir para o câncer do colo do útero.
Em relação ao tratamento, após o diagnóstico, a paciente é encaminhada para um exame ainda mais detalhado, capaz de permitir a melhor avaliação sobre qual estágio dessas alterações. As intervenções mudam a depender do grau de acometimento do colo uterino.
Fique atenta
Alguns dos fatores aumentam o risco de desenvolver câncer do colo do útero ao longo da vida, como: início precoce de atividade sexual, multiplicidade de parceiros sexuais, tabagismo e fatores imunológicos. Outros fatores relacionados ao aumento do risco para o desenvolvimento deste câncer são o uso de contraceptivos orais em longo prazo, as baixas condições socioeconômicas, o uso irregular de preservativo, multiparidade (partos não cirúrgicos), deficiências nutricionais e outras infecções genitais causadas por agentes sexualmente transmissíveis.
Alguns sintomas devem ser valorizados e um médico deve ser procurado como dor e/ou sangramento durante a relação sexual, corrimento vaginal fétido, surgimento de pequenas verrugas na região genital.
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