Na última quinta-feira (3/3), a professora de psicologia Valeska Zanello da Universidade de Brasília (UnB), fez um relato de plágio de trabalhos dela por outro atuante da área. Sem citar nomes, a professora explica em um post do Instagram sobre um “plágio descarado de um estudante de psicologia" e a internet rapidamente identificou que o estudante que a havia plagiado era João Luiz Marques, que atualmente tem mais de 257 mil seguidores no Instagram, onde fala sobre a psicologia das masculinidades.
No Twitter, muitos seguidores de João se chocaram ao descobrir que os trabalhos “supostamente dele” e que eram muito compartilhados tinham outra autoria.
A partir daí, houve uma certa comoção nas redes sociais e muitos perfis passaram a divulgar a conta de Instagram de Valeska, como forma de retratação e para dar os devidos créditos ao conteúdo.
o cara foi entrevistado pela gnt, 295 mil seguidores… tudo isso às custas do TRABALHO de uma mulher psicóloga. não se sentiu constrangido em continuar o plágio mesmo com as denúncias e com a visibilidade de seu perfil crescendo. pois é. bicho namoral pic.twitter.com/kpBKChCayh
— clara lima ???????? (@kllllima) March 4, 2022
Vale lembrar que segundo o Código Penal, o plágio de trabalhos acadêmicos é crime e está sujeito a pena de detenção de três meses a um ano, ou multa.
O que dizem os citados
Na postagem do Instagram, Valeska relata vários trechos que João teria usado as mesmas palavras que ela. Além disso, ela afirmou também que muitas pessoas que seguiam ambos alertaram João sobre ele não ter feito a citação correta das informações, mas que foram bloqueadas por ele em seguida.
Um exemplo dado por Valeska é a frase “homens aprendem a amar muitas coisas e mulheres aprendem a amar os homens”, que foi copiada na íntegra e não recebeu o devido crédito.
Na legenda do post ela deixou a seguinte frase também: “Qual é a dificuldade de fazer referência??? Diga NÃO ao apagamento das mulheres na ciência e na produção de conhecimento!!!”.
Confira a postagem na íntegra:
Já João, fez um pronunciamento oficial pelo Instagram afirmando que usou de falas e frases da pesquisadora e que a admira bastante, inclusive, ele afirma que deu os devidos créditos quando foi alertado por outros seguidores.
Ele confirma também ter bloqueado Valeska nas redes sociais por “medo, vergonha e culpa”. “Não é culpa dela, ela tem todo o direito de reivindicar a autoria de seu trabalho, o erro foi meu e isso só amplificou o problema”, disse ele na postagem.
Ele também diz que está tentando contato com Valeska para se retratar diretamente e que se compromete a revisar todos os textos dele e colocar as devidas referências.
Veja a postagem na íntegra:
O Correio tentou entrar com João Luiz Marques para que ele pudesse responder as acusações mas até o fechamento desta matéria não obteve resposta. O canal segue aberto.
Repercussão nas redes sociais
Na postagem de João, muitos seguidores se mostraram decepcionados ao descobrir que o trabalho dele era plágio. “Na minha opinião se vc bloqueou a própria autora e os demais que estavam avisando vc, então vc sabia muito bem o que estava fazendo. Eu fiquei decepcionada”, diz uma seguidora.
“É o famoso caso do “só se arrependeu porque foi descoberto”, diz outra.
Outra pessoa enalteceu o fato dele ter reconhecido o erro: “Muito bom, João! Errou, reconheceu, se retratou e agora é corrigir e seguir em frente”, diz um comentário.
Na postagem de Valeska, muitas pessoas escreveram comentários de apoio. A psicanalista Manuela Xavier, que tem chamado a atenção analisando os participantes do Big Brother Brasil, comentou. “Acabo de saber das denúncias e fico surpresa, embora não chocada. Desejo força a você, querida! Que pena te conhecer nessas circunstâncias, mas que bom que agora conheço a fonte certa!”, disse ela.
No Twitter, muitos estão alertando sobre o plágio e pedindo para que as pessoas sigam Valeska, que é quem tem as falas originais.
Indo dormir passada com a denuncia de plágio do material de pesquisa da professora Valeska Zanello por um produtor de conteúdo psi da rede ao lado, que escreve para homens, tem 300 mil seguidores e usa o trabalho de uma mulher e não referencia ????.
— Patricia Manczak (@pmanczak) March 4, 2022
“Eu bloqueei quem apontou q eu tava cometendo plágio. Depois bloqueei a autora q eu estava plagiando. Continuei cometendo plágio, copiando váaarios autores. Realmente é foda o apagamento de autoras e pesquisadoras força manas. Prometo não copiar mais”
— Jamiroquai do Tuiter (@MulherTamarindo) March 4, 2022
Top retratações ????????????????
O cara ganhou hit em rede sociais falando sobre masculinidade.
— TANTO (@tantotupiassu) March 4, 2022
Só que surgiram diversas denúncias de que tudo era plagiado de pesquisas de diversas mulheres, todas não citadas e invisibilidadas.
A ironia de ser o exemplo mais clássico de masculinidade possível. pic.twitter.com/ltz1R35g4v
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