As máscaras de proteção facial contra a covid-19 não serão mais obrigatórias em ambientes abertos do Distrito Federal a partir de segunda-feira (7/3). A informação foi confirmada, nessa quinta-feira (3/3), pelo governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), em publicação nas redes sociais. É a segunda vez que o item deixa de ser exigido em locais ao ar livre na capital do país. Na postagem, Ibaneis destacou a queda dos casos diários da doença e afirmou que a entrada em eventos em espaços fechados só será permitida com comprovante de vacinação e máscara.
"Diante da queda nos casos de covid-19 no Distrito Federal, a partir de segunda-feira, flexibilizaremos o uso de máscaras em locais abertos. Para participar de shows e eventos esportivos, será exigida a comprovação de vacinação de, pelo menos, duas doses e uso de máscara quando ocorrerem em ambientes fechados. Estamos pouco a pouco voltando à normalidade. Não deixem de se vacinar", escreveu o governador Ibaneis.
O uso de máscaras passou a ser obrigatório no DF em 30 de abril de 2020, por meio de decreto do governador. O artigo deixou de ser exigido ao ar livre em 3 de novembro de 2021, mas a exigência voltou a valer poucos meses depois da suspensão, em 19 de janeiro deste ano. Até o fechamento desta reportagem, o decreto com a nova medida não havia sido publicado no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF).
Cenário propício
Hemerson Luz, especialista em doenças infecciosas e médico dos hospitais de Base e das Forças Armadas (HFA), concorda com a decisão de Ibaneis. "O momento permite a flexibilização, porque estamos com baixa taxa de transmissão. É preciso ficar de olho nas atualizações diárias do cenário pandêmico. Se o índice passar de 1, o que mostra descontrole, aí, é necessário avaliar outras medidas, mas o contexto permite, sim, a flexibilização", avalia o infectologista.
No entanto Hemerson Luz destaca que a suspensão não significa o fim dos cuidados contra a pandemia. "A população deve ficar ciente de que as medidas podem ser revogadas, e a máscara pode voltar a ser obrigatória, caso haja mudança nos números. O item continua exigido em lugares fechados, o que precisa ser respeitado", alerta o médico. Ele defende o pedido do passaporte vacinal nos eventos em ambientes fechados. "O governador complementou a medida com a questão da vacinação. A variante ômicron, por ser mais transmissível, exige uma cobertura vacinal maior, então, pedir o comprovante é uma forma de exigir e incentivar a imunização. É de suma importância que as pessoas mantenham seu estado vacinal atualizado", defende.
Povo fala
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Transmissão em queda
A SES-DF confirmou 20 mortes nessa quinta-feira (3/3). No total, o DF acumula 11.447 vidas perdidas. Em 24 horas, a secretaria notificou 673 casos, o que elevou as infecções na capital federal para 683.663.
A taxa de transmissão da covid-19 está em queda no DF desde 21 de janeiro, quando atingiu o maior índice já registrado, 2,61. O valor alcançou, nessa quinta-feira (3/3), o menor nível observado, 0,65 — o que indica que 100 pacientes com a doença podem transmiti-la, em média, para outras 65 pessoas. É recomendado que o resultado permaneça abaixo de 1, apontando controle da situação pandêmica.
A média semanal de mortes em decorrência da covid-19 está em 12,3. No início de janeiro, o valor era de 1,4, mas, em 23 de fevereiro, chegava a 16. Desde então, o número segue em queda. A média de casos da covid-19 cresceu exponencialmente no início deste ano, alcançando mais de 7,6 mil em fevereiro. A partir da data, o resultado está caindo no DF, apesar de seguir acima de mil infecções diárias. Na quinta-feira (3/3), o número fechou em 1.112.
Imunização
De acordo com a Secretaria de Saúde (SES-DF), cerca de 190 mil pessoas não deram início à imunização contra a covid-19 com a primeira dose. Outros 100 mil indivíduos aptos a receber a segunda aplicação das vacinas não retornaram aos postos. Os dados foram divulgados na tarde de quinta-feira (3/3), em coletiva de imprensa da pasta, pelo subsecretário de Vigilância à Saúde, Divino Valero. "Você, que não tomou vacina ainda, venha se vacinar. O que interessa é vacinar toda a nossa população", pediu o gestor.
O secretário de Saúde, general Manoel Pafiadache, adiantou que o DF terá esquema itinerante de imunização infantil. Entretanto não divulgou detalhes da operação, que está sendo construída em conjunto entre as pastas da Saúde e a da Educação. De acordo com o general, o atendimento pediátrico nas UBS será mantido, mesmo após o início do atendimento volante. "Todos os dados, como locais onde atuaremos, necessidade de apresentação de documentação e presença de pais e responsáveis serão colocados no plano", finalizou Pafiadache. No Distrito Federal, 52,4% das crianças de 5 a 11 anos receberam a primeira dose, o que representa 141.977 meninos e meninas da faixa etária, de um total de 268.474, que vivem na capital federal.
*Estagiário sob a supervisão de Guilherme Marinho
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Momento de cautela
A suspensão da obrigatoriedade é resultado do monitoramento da taxa de transmissão, que tem caído bastante no DF nos últimos dias. No fim do ano passado e no começo deste ano, tivemos uma série de festas clandestinas, que repercutiram no cenário da covid-19. Agora, no carnaval, tivemos, novamente, festas clandestinas — inclusive bastante escancaradas —, então, estamos esperando um aumento do número de casos nos próximos dias. A partir de uma semana, será possível ver a alta, em duas semanas, os números serão mais expressivos, considerando o tempo de reprodução do vírus. Mas, neste ano, talvez tenhamos uma situação menos pior, porque temos oferta de vacinas para todos. Então, a vantagem é muito grande, se compararmos com o mesmo período do ano passado. É verdade, porém, que não temos bala de prata: a vacina é importante, mas, ao mesmo tempo, precisamos manter a máscara, o distanciamento e a higiene — tudo faz parte do protocolo. Portanto, na minha opinião, deveríamos aguardar mais para retirar a obrigatoriedade do uso das máscaras em, pelo menos, duas semanas. Em ambientes fechados, o item deve ser mantido, mesmo com melhora no cenário pandêmico, porque estamos em pandemia. Precisamos nos cuidar para que este período de emergência acabe. Não tenho dúvidas de que é o que todos queremos.
Walter Ramalho, professor de epidemiologia da Universidade de Brasília (UnB)
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