O último dia de carnaval foi de bastante tranquilidade no Distrito Federal. Aproveitando o tempo firme e ensolarado, muitas famílias fizeram passeios ao ar livre, andaram de bicicleta, patins ou se exercitaram com uma corrida ou caminhada em locais como o Parque da Cidade, no Plano Piloto, e o Pontão do Lago Sul. O Correio percorreu bares de algumas regiões, como Asa Norte e Sudoeste. A reportagem não flagrou qualquer indício de de blocos ou aglomerações que desrespeitassem o decreto que proibiu o carnaval no DF.
No Pontão, a estudante de letras Ana Luísa Melo Cipriano, 17 anos, estava passeando com a família. Apesar de gostarem da folia, todos entendem a importância de esperar o fim da pandemia para que ocorra a volta das festas carnavalescas. Enquanto isso, Ana Luísa e os parentes utilizaram o último dia de feriado para descansar e admirar o pôr do sol. "Como este ano não teve carnaval convencional, os bloquinhos e as festas, a gente veio para cá, porque é um lugar mais aberto, mas que ao mesmo tempo dá para aproveitar o feriado, descansar, ouvir uma música", apontou. "Ainda não é o momento de fazer festas, existem outras formas de curtir o carnaval. Apesar da proibição, não significa que não deve curtir o feriado, mas tem outras formas. Uma hora volta, a pandemia acaba, mas ainda precisamos nos cuidar até lá", alertou a estudante.
O engenheiro mecânico André Cipriano, 46, é pai de Ana Luísa e também estava curtindo o pôr do sol com a família. Para ele, este foi um carnaval diferente, pois, apesar de não poderem curtir os blocos, tiveram a oportunidade de aproveitar outras "coisas bacanas" da cidade. "Pudemos vir aqui no Pontão, ver o pôr do sol. Está sendo diferente, mas, ao mesmo tempo, prazeroso", destacou. André concorda com a opinião da filha: ainda não é o momento de liberar os eventos de carnaval. "É um passinho atrás que a gente está dando para que, em um futuro bem próximo, possa voltar tudo ao normal novamente, quem sabe já na festa junina, e no próximo carnaval, se Deus quiser, a pandemia já tenha acabado", desejou o engenheiro, ressaltando que, quando tudo se normalizar, é preciso refletir sobre o que passou. "A gente não pode esquecer, estão sendo momentos dificílimos, de muitas perdas. Assim que a gente conseguir se livrar desse vírus, é preciso olhar para frente, mas sem esquecer o que aconteceu ali atrás, foi muito difícil", concluiu André.
A motorista de aplicativo Wanildete de Sousa, 38, também esteve no Pontão com a família para aproveitar o último dia de carnaval. O decreto que proibiu o carnaval não afetou a forma como aproveitou o feriado. Evangélica, Wanildete contou que a família curte o carnaval de outra forma. "Eu trabalhei pela manhã e tirei a parte da tarde para vir aqui com a família. Já andamos de barco, fizemos acampamento, passeamos por aqui e agora estamos vendo a paisagem. Esse é o nosso jeito de curtir, mais leve e tranquilo", disse a motorista.
Wanildete espera que, até o próximo feriado de carnaval, as coisas tenham voltado ao normal. Para ela, a pandemia está dificultando a vida de todos. "Tem muita gente morrendo e isso não é bom para ninguém. As vacinas estão aí e tomara que dê certo, que todo mundo se imunize e que, no ano que vem, a realidade fique mais próxima do normal", torce.
Cuidados
Gerente do restaurante Gran Bier, Paulo Sérgio Neves, 53, trabalha no estabelecimento há 20 anos. De acordo com o funcionário, o decreto e os protocolos da covid-19 foram respeitados durante o feriado de carnaval e, apesar de não ter festas de forma oficial, o restaurante conseguiu manter um bom movimento. "Nosso movimento foi tranquilo, a casa vendeu bem", explicou o gerente. "Durante os dias de feriado, tivemos música ao vivo, só voz e violão. Nada de banda ou pista de dança. No domingo, a gente teve um DJ e hoje, para fechar o carnaval, estamos com outro. Tudo de acordo com o que foi decretado pelo governo", garantiu Paulo Sérgio.
Na contramão, alguns estabelecimentos do DF insistiram em desrespeitar o decreto. A equipe de força-tarefa do Governo do Distrito Federal (GDF) realizou, entre a noite de segunda-feira e a madrugada de ontem, 115 visitas em estabelecimentos comerciais e fechou 17 lojas, além de interditar seis e multar outros 14 por desrespeito às normas estabelecidas pelo governo, que proibiu a realização de festas e eventos carnavalescos. Além disso, blitzes espalhadas pela capital flagraram 227 pessoas dirigindo sob efeito de álcool, 126 motoristas que dirigiam sem habilitação e removeram oito carros das vias.
A força-tarefa é coordenada pela Secretaria de Segurança Pública (SSP), em parceria com a Polícia Civil (PCDF) e Militar (PMDF), o Corpo de Bombeiros (CBMDF), o Departamento de Trânsito (Detran), o Instituto Brasília Ambiental (Ibram), o Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), a Vigilância Sanitária e a Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística do Distrito Federal (DF Legal). O último monitoramento estava programado para ocorrer a partir das 18h de ontem e às 2h da madrugada de hoje.
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