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Em busca de praticidade e economia, brasilienses optam por coworkings

Com mais de 35 espaços de coworking em Brasília, estudantes e profissionais liberais usam modelo que oferece estrutura completa e valores mais flexíveis. Fugir do home office e ampliar networking também são atrativos

Júlia EleutérioBernardo Guerra* Yasmim Valois* Marilene Souza*
postado em 01/03/2022 06:00
Advogada Mariana de Oliveira está satisfeita com acomodações -  (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
Advogada Mariana de Oliveira está satisfeita com acomodações - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

Os gastos com manutenção e o tempo para gerenciamento, por vezes, podem ser um entrave para quem precisa de um escritório. Para muitos brasilienses, a saída são os coworkings, espaços que oferecem todo aparato necessário, mas em aluguéis conforme a demanda de horas utilizadas. Um bom negócio para quem não pode arcar sozinho com os custos para um ambiente de trabalho ou para quem já não pode contar com as bibliotecas da cidade para estudar, em virtude da pandemia de covid-19.

Bem localizados, os coworkings oferecem estações de trabalho, salas para reuniões, escritórios privativos, internet e, até mesmo, copa. Praticidade a qualquer hora e sem um compromisso fixo para os usuários. No Distrito Federal, são ao menos 35 locais que oferecem esse tipo de serviço.

A advogada Mariana de Oliveira, 25 anos, moradora do Sudoeste, costuma frequentar regularmente um coworking, o Concept Offices. Ela afirma que é um grande auxílio para quem não consegue arcar com um escritório próprio. "Aqui eu tenho uma boa sala, ambiente agradável para conversar, debater, e encontrar com clientes. Além disso, conto com uma copa e até mesmo recebo correspondências", enumerou. Apesar de, atualmente, usar o espaço para trabalhar, ela conheceu a modalidade quando ainda era estagiária. "Eu não tinha local para estagiar, então eu fazia minhas atividades aqui. Para mim é muito mais fácil, venho há três anos, desde quando abriu. Além do mais, você agrega, conhece pessoas, descobre outros interesses e busca novidades", conta.

Mariana descobriu a existência do serviço através de uma amiga arquiteta que, por coincidência, realizou seu trabalho de conclusão de curso centrado sobre os coworkings. "Era um conceito muito novo aqui em Brasília e vi que era um bom local para iniciar uma carreira." Com a pandemia, ela comenta que algumas empresas deixaram de frequentar o local, mas ela sentiu confiança para continuar. "Quem estava vindo eram as pessoas que contratavam as salas, mas sempre tinha alguém nas estações — compartilhadas de trabalho — e toda hora faziam a limpeza de tudo, todo mundo de máscara o tempo inteiro também. Para mim isso foi fundamental", explicou.

Após três anos no coworking, Mariana não cogita alugar um espaço próprio. Ela argumenta que já se sente em casa, tem amizades e acredita que é o melhor custo-benefício para sua realidade.

Sem preocupações

Na pandemia, quem teve dificuldades com isolamento do home office encontrou nos espaços uma alternativa que garantia a ausência das distrações de locais públicos. É o caso do advogado Erycson Medeiros, 40, residente do Sudoeste. Para ele, não ter preocupações com a administração de uma sala é um atrativo. "Você tem uma estrutura física satisfatória para atender seus clientes e trabalhar. Melhor ainda, sem vínculos, então, por exemplo, eu não preciso contratar uma secretária, eu não preciso me preocupar se o banheiro está limpo, se tem um cafezinho, eu não preciso me preocupar se vai faltar água ou energia", comenta.

Erycson conta que já tentou alugar escritórios separadamente antes, mas as preocupações com o serviço e os gastos fizeram o advogado perceber que não valeria a pena para si. "Eu tenho o meu espaço aqui fixo, né? Onde eu trabalho, produzo. Se eu quiser ter acesso a uma sala maior, por exemplo, é só pagar por ela. Mas tudo isso vai vir descontado no final do mês. Então se eu precisar dela dez vezes, eles vão descontando. O valor ainda sai menor do que alugar um escritório próprio, porque eu não tenho gastos extras", conta.

Além de pequenos empreendedores e autônomos, empresas de menor porte também são atraídas pela redução de custos. Márcia Kuhn, 50, moradora do Guará II, é correspondente bancária e tem cinco funcionários. Ela estava em uma sala no Sudoeste e com o aumento da equipe, em dezembro de 2020, optou por um coworking. A empresária frequenta a Copa Network, na 305 Norte, desde 2020. "Quando nossa equipe aumentou, meu sócio indicou para que ficasse mais confortável. Desde então, nunca mais larguei. Tenho um ambiente agradável para trabalhar, além de ser ótimo para fechar negócios e realizar reuniões, ampliar networks. Trabalho lá todos os dias e é bem mais em conta do que alugar ou comprar um ambiente próprio", avalia.

Inovação

O proprietário e gestor da Concept Offices, Márcio Bernardino, 38, diz que a ideia de criar o coworking surgiu da necessidade de oferecer um ambiente de alta qualidade, seja para trabalho ou estudo. Ele ressalta que o funcionamento 24 horas, a existência de um clube de descontos, além de cursos e eventos internos são alguns dos diferenciais oferecidos.

"Destaco a localização de nossas unidades. Aqui em Brasília, por exemplo, estamos no Brasil 21, o que favorece o networking e aumenta a possibilidade de fechar bons negócios", acredita. Apesar dos benefícios, Márcio conta que a chegada da pandemia causou uma queda de movimentação, mas o espaço seguiu funcionando. No atual momento, ele vê um aumento na demanda. Diariamente, mais de 200 pessoas passam pela unidade.

Dentre os serviços oferecidos estão: secretariado, domicílio fiscal, estações de trabalho compartilhadas, salas privativas, salas de atendimento reservadas por hora ou período e sala de reuniões. Márcio destaca também o investimento realizado na estrutura física do local, com sistema de troca de ventilação, telefonia e internet, além de copa e biblioteca.

Em outro local do Plano Piloto, no Setor de Indústrias Gráficas de Brasília, o IPÊ Coworking está em funcionamento desde 2017. Quem faz a gestão do local são dois sócios, a arquiteta Gabriela Caçador, 29, e o engenheiro civil Filipe Curvo, 32. A ideia de criação do espaço surgiu com a necessidade de Gabriela, juntamente com sua ex-sócia, terem um escritório para receber seus respectivos clientes. A ideia de criar um ambiente de coworking visava ajudar nos custos fixos de aluguel e manutenção. Após isso, Filipe, desejando expandir seus negócios e interessado no networking, ingressou no negócio.

Cinco anos depois, Gabriela afirma que ainda não é muito lucrativo, mas ela vê boas perspectivas. Com a chegada da pandemia, o IPÊ Coworking não fechou, porém tomou diversas medidas para minimizar riscos para seus clientes. "A pandemia introduziu a cultura do trabalho remoto ao brasileiro e, consequentemente, introduziu o negócio dos espaços compartilhados. Há uma resistência aos hábitos de um ambiente compartilhado, principalmente por causa da pandemia, mas aos poucos o pessoal vai se adaptando", comenta.

Gabriela afirma também que, com o passar do tempo, clientes têm procurado mais a empresa, seja para reduzir gastos, como pelo conforto e a praticidade para o dia a dia. O IPÊ Coworking oferece serviços de endereço fiscal e comercial, com ambientes compartilhados ou salas privativas. A arquiteta conta que também aluga para treinamentos e reuniões avulsas. Ela afirma que grande parte de seu investimento está no mobiliário, e que sempre fica atenta para garantir que tudo esteja confortável e ergonômico.

*Estagiários sob a supervisão de Juliana Oliveira

 


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