O arquiteto e urbanista Paulo Henrique Veiga morreu aos 69 anos, em decorrência da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) — doença que afeta o sistema nervoso e prejudica as funções físicas. O defensor da liberdade, democracia e dignidade não resistiu, fazendo a passagem na noite da última quarta-feira, mas com certeza deixou um legado para quem fica.
Amante de projetos e construções, o Paulinho travou a batalha contra a ELA durante 11 anos. O filho Henrique Pinheiro Veiga contou ao Correio que o pai teve muita coragem de enfrentar a doença, apesar das dificuldades. "Foi impressionante a força dele para encarar 11 anos dessa doença terrível. Eu me orgulho de ser filho dele. Me ensinou valores e postura para com a vida que carregarei para sempre", destacou.
Apaixonado pelo Fluminense Futebol Clube, Paulinho descansou após presenciar a vitória do time do coração. "Na última terça-feira, quando os sinais vitais começaram a cair, estávamos todos juntos vendo o que seria a última partida do Fluminense presenciada por ele. Ainda bem que ganhamos", revelou Henrique.
"Mesmo com todas as limitações, era nítida a sua vontade de seguir vivendo. Agora, o que fica é a saudade e as boas lembranças. De seu sorriso largo e bom humor. São tantas histórias compartilhadas nessas últimas 24 horas pelos companheiros de caminhada. Histórias que não tive antes a oportunidade de conhecer", disse o filho.
Homenagem
Paulo tinha como lema de vida: buscar uma sociedade mais justa e digna. Segundo amigos contemporâneos da Universidade de Brasília (UnB), ele teve "um papel fundamental como representante estudantil, além da preparação de todos os atos que levaram à greve de 1977."
No mesmo ano, ele foi expulso da faculdade e decidiu se matricular no curso de arquitetura, em Goiânia. Na capital de Goiás, participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT). Amigo de longa data, Luiz Philippe Torelly não mediu palavras para se despedir do companheiro.
"Nosso querido amigo de muitas lutas e alegrias, partiu. Durante sua trajetória, ele foi um defensor do respeito à dignidade humana e aos direitos fundamentais dos trabalhadores. O profissional deixa um legado de compromisso com as lutas sociais e com o socialismo", relatou Luiz.