Integrantes de clube de tiro protagonizam cena de faroeste caboclo

Polícia investiga e pede que Exército fiscalize clube de tiro que teria emprestado armas de pressão que foram usadas por civis que obstruíram via pública em Taguatinga

Integrantes de um Clube de Tiro de Taguatinga que aparecem, em imagens divulgadas nas redes sociais, armados e interrompendo o trânsito na Avenida Samdu Norte estão sob investigação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). O caso ocorreu no sábado, mas só ganhou destaque ontem, após as imagens viralizarem. Nelas, os envolvidos chegam armados, esperam o semáforo fechar, se posicionam ao longo da faixa de pedestre com fuzis e outros artefatos, que seriam de pressão, enquanto uma mulher com um vestido vermelho desfila diante dos condutores atônitos.

O que parecia uma intervenção paramilitar, logo passou a ser explicado nas redes como um ensaio fotográfico de pré-casamento da consultora de vendas Dilma Lane Barbosa, publicado, ontem, em seu perfil on-line. Além da população que presenciou o momento insólito, as autoridades policiais não acharam graça na obstrução da via pública. Após a repercussão, a PCDF apreendeu as oito armas que foram utilizadas e ouviu a maioria dos participantes.

De acordo com o delegado que conduz as investigações, Joás Bragança, da 17ª Delegacia de Polícia de Taguatinga Norte, além de recolher os armamentos, o dono do clube foi ouvido. Ele garantiu que todos os envolvidos serão ouvidos e responsabilizados. "As armas apreendidas serão periciadas a fim de se verificar se são aptas a realizar disparos ou se são apenas de airsoft. A perícia que vai nos dizer isso. Caso sejam de verdade, os responsáveis responderão por porte ilegal de arma de fogo", afirmou.

Fiscalização

No interrogatório, o responsável pelo clube asseverou que as armas são de pressão, mesmo assim o material será periciado. A PCDF enviou um ofício à Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados do Exército Brasileiro para que seja feita uma fiscalização do clube de tiro acusado de fornecer as armas utilizadas para escoltar a representante de vendas. De acordo com a legislação, a força militar responde pela fiscalização desses espaços. A reportagem questionou a assessoria de imprensa do Exército, mas até o fechamento desta edição não recebeu uma resposta.

Explicações

Procurado pelo Correio, o clube de tiro enviou uma nota oficial. No texto, o estabelecimento esclareceu que "não tem qualquer envolvimento com o ocorrido, não sendo responsável por qualquer iniciativa relacionada à filmagem, produção ou divulgação do respectivo vídeo."

Por fim, o clube ressaltou que reafirma o compromisso para com a comunidade em geral de não admitir qualquer tipo de publicidade assemelhada e reiterou que adotou as medidas cabíveis para os esclarecimentos.

Uma loja de artigos de pesca que aparece ao fundo de algumas e onde também funciona um estande de tiros também se posicionou. A empresa afirmou que vai apurar as responsabilidades dos envolvidos no vídeo e destacou que o acontecido não reflete os princípios e valores da empresa. A empresa reforçou "que as imagens ferem os valores dos CACs e em nada ajudam a política armamentista".

A noiva, que ficou conhecida como "dama de vermelho", desativou as redes sociais e o Correio não conseguiu contato com o casal até o fechamento desta edição.

Saiba Mais

 

Crédito:Reprodução/Rede Sociais - 23/028/2022-Dama de vermelho": PCDF apreende 8 armas utilizadas em escolta
Crédito:Reprodução/Rede Sociais - 23/028/2022-Dama de vermelho": PCDF apreende 8 armas utilizadas em escolta

Armas oferecidas à luz do dia

Uma faixa instalada em um trecho da DF-001, ao lado do Paranoá, foi flagrada oferecendo armas. De acordo com a publicidade, qualquer cidadão poderia se tornar um colecionador, atirador e caçador (CAC). A imagem foi denunciada nas redes sociais e o autor da postagem afirmou que haviam mais nove faixas com a mesma mensagem na via. O Correio tentou contato com o telefone informado no anúncio, mas não obteve resposta. A reportagem também procurou o Exército Brasileiro para saber se é realmente tão fácil o acesso, como o prometido, a assessoria de Imprensa da força militar confirmou o recebimento da demanda, mas até o fechamento desta edição, não se manifestou.