Em assembleia geral realizada ontem , no estacionamento do Espaço Funarte, os professores das escolas públicas decidiram atuar de forma ostensiva, fazendo visitas às escolas para debater a situação atual da Educação no DF. Nova assembleia para avaliar os avanços das negociações entre a categoria e o governo do Distrito Federal está marcada para o dia 24 de março, quando ocorrerá mais uma paralisação. A principal reivindicação é por reajuste salarial.
Segundo Rosilene Corrêa, diretora de Finanças do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF), as reuniões com os professores serão marcadas de forma a evitar coincidência com os turnos nas escolas. Outras pautas, como problemas na contratação de professores temporários, falta de monitores e turmas superlotadas, também serão debatidas. Os professores afirmam que essas dificuldades deixaram a categoria sem condições para a prática escolar no ano letivo de 2022.
Aulas foram perdidas por causa do movimento de ontem. No entanto, o Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF), que promoveu a reunião, garantiu que elas serão repostas. A categoria protesta, também, contra a reforma administrativa e a implementação de homeschooling, que é quando o ensino ocorre por meio de estudos domiciliares e a responsabilidade fica a cargo dos pais ou de professores tutores, com metodologias próprias.
De acordo com Rosilene Corrêa, já se passaram sete anos desde o último reajuste no salário dos professores. Para ela, essa é uma pauta urgente e central, mas a falta de concurso público para monitores de escolas também é uma questão que perdura. "Alunos com deficiência estão em casa porque não tem como ir para a escola se não houver alguém que detenha esse cuidado com eles. Tem uma série de itens do dia a dia escolar que precisam ser resolvidas", explica.
Cláudio Antunes, também diretor do Sinpro-DF, destaca o retorno da recomposição salarial à pauta de reivindicações dos professores depois de 10 anos. Segundo ele, há mais de uma década o termo não era utilizado. "Nossa categoria começou a perder o poder aquisitivo para a inflação. No ano de 2015, nós tivemos uma inflação muito alta, agora, as perdas já atingiram quase 50% do poder de compra do professor.", explica.
Paralisação
O governador Ibaneis Rocha (MDB) comentou a paralisação dos professores na manhã de ontem, destacando a ameaça de greve por parte da categoria. "Tem conotação bastante política", frisou. "Em especial, por conta de a presidente do sindicato já ter se colocado como candidata ao governo do Distrito Federal. A gente espera que os professores e os educadores não sejam usados por essa vontade política de prejudicar as nossas crianças e os nossos adolescentes", afirmou o governador.
De acordo com a GDF, a terceira parcela do reajuste dos servidores será paga a partir de maio, quando a categoria recebe os salários de abril. "O aumento para o funcionalismo foi concedido por meio da Lei 5.192/2013, mas apenas duas parcelas anuais foram pagas em 2013 e 2014", informa a nota do GDF.
O corte de R$ 10 milhões no repasse de verbas do Programa de Descentralização Financeira e Orçamentária (PDAF), por meio do qual as escolas públicas recebem verbas no início do ano letivo, a militarização das escolas e a chamada "voucherização do ensino", que — em caso de ausência de vagas — permite aos pais matricularem os filhos em escolas particulares com mensalidades pagas pelo governo do DF também entraram na pauta do debate realizado ontem.
A diretora do sindicato revela que a categoria também aponta "falta de zelo" por parte da Secretaria de Educação no retorno do ano letivo. "Há muitas falhas nas escolas, mas até agora o único que falou em greve foi o governador Ibaneis. Ninguém apresentou proposta de greve aqui hoje, eu entendo como sendo uma tentativa de jogar a categoria contra a sociedade", diz.