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Cada vez mais, mulheres do DF recorrem a novos desafios no empreendedorismo

Estudo elaborado pelo Inovatório e a Brasil Startups, em conjunto com a Fundação de Apoio à Pesquisa e Inovação do DF, mostra que 79% das mulheres à frente de negócios possui graduação e 21%, mestrado. Idade média delas é de 38 anos

Fruto do avanço na garantia dos direitos das mulheres, o empreendedorismo feminino é um movimento que cresce, cotidianamente. Antes responsáveis apenas pelos cuidados domésticos, as mulheres passaram a quebrar paradigmas e a marcar presença na tomada de decisão dos negócios. É o que tem acontecido em Brasília: o público feminino tem, cada vez mais, recorrido a novos desafios e ao empreendedorismo. O estudo elaborado pelo Inovatório e a Brasil Startups, com suporte da Fundação de Apoio à Pesquisa e Inovação do Distrito Federal (FAP-DF) mostra que a idade média das empreendedoras da capital é de 38 anos, sendo que 79% do público entrevistado possui graduação e 21%, mestrado.

O mapeamento, denominado "Mulheres Inovadoras: Um breve panorama no Distrito Federal", faz parte do projeto Startup Brasília 2030 e coletou dados de agosto a novembro de 2021, com mulheres do ecossistema de inovação. As empreendedoras compõem investimentos e startups em diversas áreas da atuação, sendo a área de bem-estar e saúde a mais comum, com 29% das entrevistadas. Logo após vem a área da educação, com 21%. Os outros 50% atuam em diversas áreas de forma pulverizada, como tecnologia e finanças, dentre outros setores.

A professora de marketing do Centro Universitário de Brasília (Ceub) Juliana Nóbrega explica que mais do que uma categoria de empreendedorismo, o empreendedorismo feminino tornou-se uma causa, uma vez que as mulheres vivenciam uma experiência própria nesse ambiente. "Começa pela motivação, pois muitas delas buscam empreender para superar as barreiras no mercado de trabalho, seja para entrar, seja para ascender profissionalmente. Diante desses obstáculos, o empreendedorismo surge como uma opção onde ela pode assumir o protagonismo da própria jornada profissional", ressalta. Entretanto, Juliana diz que as mulheres também precisam enfrentar obstáculos exclusivos das mulheres no empreendedorismo, como a conciliação com os afazeres domésticos, o assédio no network ou mesmo o pagamento de taxas de juros mais altas quando buscam crédito nos bancos.

Coautora do estudo e cientista de dados, Roberta Teodoro detalha o levantamento. "A ideia é que a gente consiga levantar as demandas e as ofertas tecnológicas nesse ecossistema, possibilitando e facilitando conexões para serviços, parcerias e oportunidades futuras", diz. Foram respondidos 108 questionários sobre características pessoais dos fundadores das startups, dos times, dos segmentos de atuação, investimentos, expectativas sobre a economia e os impactos da covid-19. "Elas estão muito otimistas. Embora estejam, em sua maioria, no começo das operações, 57% delas estão em fase de validação ou em operação inicial. E elas esperam crescer o faturamento nos próximos meses. Mais de 20% receberam algum tipo de investimento. Então, essas mulheres estão vindo para agregar o universo de inovação", explica.

Desafios

De acordo com o mapeamento, mais de 70% das mulheres encontra dificuldades em ter acesso a linhas de crédito para suas empresas, além de precisarem de mão de obra qualificada para que seus negócios possam funcionar. A empreendedora Camila Galdino Sallaberry, 36 anos, conta que a dificuldade do acesso aos fundos de investimento é uma realidade. Fundadora e sócia da empresa Fotoploc (que produz álbuns de figurinhas personalizados), mãe e esposa, ela está no ramo do empreendedorismo há 16 anos, e conta que, ainda hoje, existem empecilhos para as mulheres que desejam receber mais investimentos em suas empresas.

Segundo Camila, os fundos de investimento são, majoritariamente, formados por homens, que têm inclinações para investir nas empresas que gostam, sendo que a maioria é de finanças ou tecnologia. "Como somos uma empresa lúdica, com um produto que tem como persona a figura feminina, muitos dizem que devemos encontrar dificuldades para conseguir fundos de investimento, por exemplo", cita. Ainda assim, a empreendedora diz que conta com uma grande rede de apoio. "Eu tenho grandes apoiadores homens, que apostam na causa. Mas esse feedback já ouvimos, e sentimos que não é tão simples vender a nossa tese para esse público", pontua.

Outras mulheres já estão no mercado do empreendedorismo há mais tempo. É o caso de Ana Maria Keating da Costa Arsky, 49, empreendedora e CEO da startup "4 hábitos para mudar o mundo". Ela conta que começou a empreender há 25 anos, em diferentes ramos. Mas foi apenas em 2020 que encontrou seu caminho e iniciou a empresa, que tem como intuito implantar um processo de descarte de lixo inteligente, que incrementa a alta performance de separação.

De acordo com Ana, muitas vezes, a mulher se encontra em uma posição difícil, entre conciliar a vida em família, o trabalho e a vida pessoal em uma mesma agenda. "Mas somos multitarefas, por isso, conseguimos fazer tudo isso. O desafio do tempo pode ser resolvido com disciplina. É possível empreender sendo mãe. O empreendedorismo veio para provar que é melhor ser empreendedora do que ser empregada de alguma instituição, porque ela consegue fazer sua agenda e ter equilíbrio nas áreas da vida dela, podendo viver sua liberdade financeira, além de ser produtiva e viver a vida amorosa e a relação com seu filho", diz.

 

Saiba Mais

 

Mulheres que empreendem

29% atuam no segmento de saúde e bem-estar

21% atuam no segmento de educação

38 anos é a idade média das mulheres 

35,7% se declaram pardas

79% possuem graduação e 21% mestrado

50% são proprietárias ou sócias em startups que faturam menos de 10 mil por ano

57% possuem startups na fase validação ou operação

78,6% esperam crescer o faturamento nos próximos 12 meses

21,4% já receberam algum tipo de investimento em seu negócio

71,4% relataram que as principais dificuldades da startup são o acesso à linhas de crédito ou mão de obra qualificada

5 é o número médio de colaboradores em suas startups

 

Para mais informações sobre a pesquisa, acesse: https://portal.inovatorio.org/.