O Distrito Federal terá uma força-tarefa para fiscalizar eventos e festas durante o período do carnaval. A determinação foi divulgada pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), em agenda no Riacho Fundo, nessa segunda-feira (21/2). O chefe do Executivo local afirmou que a medida tem como objetivo evitar o aumento de casos do novo coronavírus. "Nós temos que trabalhar o máximo possível para que não tenhamos um número maior de contaminação, pois a rede pública de saúde já não aguenta mais tanta pressão. Precisamos cuidar da saúde das pessoas", ressaltou.
"Temos tentado manter a fiscalização e vamos incrementar nesses dias de carnaval, para que possamos ter tranquilidade e que não tenhamos uma elevação nos números da covid-19", disse o governador. Desde o dia 7 de janeiro, Ibaneis havia suspendido a realização de festas e eventos de carnaval, públicos ou privados, no Distrito Federal. Apesar da queda nos números da taxa de transmissão na última semana, o chefe do Palácio do Buriti avalia que é muito cedo para tratar da flexibilização das restrições, devido aos altos números de internações. Em dezembro de 2020, houve o registro de 3.846 infecções registradas. Em janeiro deste ano, as ocorrências de covid-19 no DF saltaram para 104.879.
Informações da Secretaria de Saúde confirmam a preocupação do chefe do Executivo. O número de mortes no Distrito Federal em decorrência da covid-19 voltou a crescer. De acordo com o Boletim Epidemiológico da Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), 18 óbitos foram notificados na segunda-feira. A última vez que a pasta contabilizou tantas vítimas foi em 26 de outubro de 2021. Ao todo, 11.361 mil pessoas perderam a vida por conta da doença desde o início da pandemia na capital do país. O DF registrou, nas últimas 72 horas, 4.469 novos casos positivos da covid-19. Dessa forma, Brasília acumula 675.874 infecções pelo novo coronavírus.
Segurança pública
Em nota ao Correio, a Secretaria de Estado de Proteção da Ordem Urbanística do DF (DF-Legal) informou que, em relação à fiscalização dos eventos e das festas carnavalescas, a coordenação da força-tarefa está a cargo da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF). "Esta deverá promover a elaboração de um protocolo de operações integradas (POI), disciplinando a atuação dos órgão de fiscalização integrantes da força-tarefa, específico para o período do Carnaval", explicou a pasta.
Caso esteja exercendo atividade vedada pelo decreto ou descumprindo os protocolos sanitários, o estabelecimento poderá ser interditado e terá de pagar multa de R$ 4 mil.
A SSP informou que a elaboração do plano de atuação em conjunto com as forças de segurança e outros órgãos envolvidos para o cumprimento da legislação vigente durante o período de carnaval está em andamento. Segundo a pasta, quando o plano estiver concluído, será amplamente divulgado.
Circulação viral
A taxa de transmissão do novo coronavírus segue em queda, após ter ficado 33 dias acima de 1. O índice baixou para 0,87, nessa segunda feira. O número demonstra que um grupo de 100 pessoas pode infectar outras 87. Quando a taxa está acima de 1, isso confirma que a pandemia está fora de controle. A média móvel de infecções está em 2.770, o que representa uma queda de 58% em relação a 14 dias atrás. Já a mediana de óbitos está em 13 — aumento de 16% na comparação com o cálculo registrada há duas semanas.
Pós-doutor pela Universidade de Brasília (UnB) em ciência do comportamento, Breno Adaid avalia que alguns elementos definem a taxa de contágio de um vírus e, um deles é a interação entre pessoas, quanto maior, mais o vírus circula. "O único mecanismo de controle, além da vacina, é restringir a movimentação, diminuindo as oportunidades de contágio de pessoas entrando em contato com outras", argumenta.
Após as festas de Natal e réveillon, o DF registrou uma explosão de casos. "Descontando as segundas-feiras, quando os números do boletim epidemiológico vinham com o acumulado do final de semana, durante o fim de ano, ficamos com uma média diária superior a 5 mil casos. Ainda que a taxa de mortalidade tenha caído bastante em função da vacinação e que a ômicron seja uma variante mais branda, quando estamos falando de números populacionais grandes, o impacto em mortes é muito grave", alerta Breno.
O especialista destaca que, no período de carnaval, ocorre uma movimentação em massa da população, possibilitando maior contato entre as pessoas. "Em termos de contágio, esse é o pior cenário possível, ainda mais nas festas em locais fechados. Com esse tipo de aglomeração, muito provavelmente, teríamos uma escalada massificada de novos casos decorrentes desses encontros", adianta. "A fórmula é simples: quanto mais movimentação e aglomeração, mais casos e, por consequência, mais mortes", pondera o professor.