Economia

Ceasa movimentou R$ 1,3 bilhão, com 337 toneladas de alimentos em 2021

Responsável por 25% do consumo interno de hortifrúti da capital federal, no ano passado, a central de abastecimento comercializou 337 mil toneladas de alimentos, no atacado e no varejo. Cerca de 15 mil pessoas passam pelo local por dia

Polo de concentração da produção de hortaliças e frutas, o Centro Estadual de Abastecimento do Distrito Federal (Ceasa-DF), localizado no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), é uma cidade dentro da capital do país. Cerca de 15 mil pessoas passam pelo local diariamente, movimentando, em 2021, R$1,3 bilhão, o que representa 337 mil toneladas de alimentos comercializados, segundo o levantamento da organização.

Presidente da Ceasa, Fábio Sousa avalia que o centro de abastecimento é de fundamental importância para o DF. Isso, porque o espaço é responsável por cerca de 25% do consumo interno da capital federal. "É um volume acima da média, em relação aos outros estados. Os outros locais que possuem centrais de abastecimento movimentam entre 5% a 10%, então, o nosso valor é alto", comemora. Fábio explica que a comercialização tem aumentado ao longo dos últimos anos: em 2020, o valor movimentado foi de R$ 1,1 bilhão, R$ 200 mil a menos do que em 2021. "Com as pessoas ficando mais em casa, o consumo aumentou e, por isso, o volume de produtos vendidos cresceu", argumenta.

O funcionamento da Ceasa se dá de diferentes formas: de segunda-feira a sábado, empresários comercializam nos pavilhões permanentes, os chamados boxes. "São 253 lojas e cerca de 159 empreendedores. Alguns possuem cerca de dois a três boxes", diz Fábio Sousa. Aos sábados, ocorre o varejão, espaço voltado para o varejo de hortifrutigranjeiros. Nesse caso, são 290 comerciantes cadastrados, além de produtores da agricultura familiar. "São cerca de 30 associações cadastradas, que representam três mil agricultores. O volume deles costuma ser pequeno, mas vendem tanto em atacado quanto em varejo". Por fim, há o mercado livre do produtor, em que 492 produtores fazem vendas por atacado.

Produtos diversos

Ponto de grande vigor econômico do DF, a Ceasa concentra compradores e vendedores. Um projeto em análise pelo Tribunal de Contas da União (TCU) planeja criar o Mercado Central de Brasília, nos mesmos moldes do Mercado de São Paulo ou do Rio de Janeiro. "Vai ser um grande polo de artesanatos e gastronômico, não só regional, mas internacional, devido às embaixadas que temos na capital. Por isso, estamos fazendo um trabalho de revitalização", garante Fábio Sousa. A previsão é iniciar a licitação em março, e começar as obras este ano, para entregar em 2023.

Dentre as pessoas que recorrem ao centro de abastecimento, está o produtor rural José Maria da Silva, 49 anos, que bate ponto todas as segundas e quintas-feiras, 5h da manhã, faça chuva ou faça sol. Ele é um dos comerciantes que mantém como foco a produção de alimentos em caixaria. Chuchu, cenoura, beterraba, tomate, couve flor e abobrinha fazem parte da lista do que José comercializa. "Temos uma venda atacada e, no geral, vendemos para grandes mercados do DF e alguns donos de restaurante", conta.

O negócio, que está na família há 44 anos, atualmente é inscrito no Cadastro Nacional de Agricultura Familiar da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (Emater-DF). José revela que trabalha na Ceasa há 31 anos e nunca faltou a uma feira. "Lá, consigo vender o preço direto, sem ter qualquer tipo de atravessador. Consigo trabalhar, hoje, com clientes que fazem o pagamento em dinheiro ou à vista e, dessa forma, consigo administrar melhor minhas contas e pagar meus funcionários. Além do fato de que lá, há maior facilidade de fechar negócios bons, por conta do grande movimento", ressalta o produtor rural.

Ed Alves/CB - Maria Jucilene produz folhagens e compra legumes na Ceasa

Maria Jucilene de Lima Sousa, 49, vende vegetais para restaurantes do DF. Na chácara onde mora, no Incra 9, ela planta folhagens, mas para atender aos clientes, a produtora recorre à Ceasa para completar portfólio de vendas. "Nós temos dois hectares de terra, e é difícil. Ou mexemos com caixarias, ou folhagens, porque a variedade de produtos que entrego é grande. Então, costumo ir para o Ceasa comprar aquilo que não planto, como cenoura, beterraba, berinjela, abóbora", exemplifica.

Balizadora de preços

Professor de mercado financeiro da Universidade de Brasília (UnB), César Bergo explica que a Ceasa é um entreposto de grande importância, sobretudo para Brasília. "Os produtos comercializados servem de balizadores para os preços praticados nos diversos pontos de distribuição, desde mercadinhos até hipermercados", ressalta.

De acordo com o economista, a Ceasa contribui decisivamente no equilíbrio da demanda e oferta de hortifrutigranjeiros e produtos rurais em geral. "Ajuda tanto produtores quanto consumidores e empresta grande dinamização para escoamento da produção desses produtos", completa. No caso do DF, César diz que serve, ainda, de apoio para escoamento da produção e de vetor para o setor no planejamento das plantações e dos criadouros de animais.

O professor ressalta que os consumidores observam na Ceasa a oportunidade de comprar produtos de qualidade com um valor menor. "Podemos notar que eles se organizam em grupo para adquirir grandes quantidades e baratear o preço unitário do produto. É um procedimento economicamente correto e deve ser incentivado para que as famílias possam economizar", finaliza.

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