AUTISMO

Deputados distritais defendem causa da AMA-DF e pedem posicionamento do GDF

O caso ganhou repercussão após o apresentador Marcos Mion fazer um apelo ao governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), em um vídeo nas redes sociais

Deputados distritais de diversos partidos se mobilizaram, em sessão ordinária na Câmara Legislativa desta quarta-feira (9/2), a favor da Associação dos Autistas do Distrito Federal (AMA-DF). A organização recebeu uma ordem de despejo encaminhada pela Secretaria de Saúde. O prazo para que desocupem as duas casas localizadas dentro do Instituto de Saúde Mental, no Riacho Fundo I, que servem como sede da entidade, é 1º de abril. O caso ganhou repercussão após o apresentador Marcos Mion fazer um apelo ao governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), em um vídeo nas redes sociais.

O primeiro a tratar da questão no plenário foi o deputado Reginaldo Veras (PDT). De acordo com ele, o governo “deve incentivar, financiar, abraçar e não remover a organização”. O deputado reiterou, ainda, que os gestores públicos foram “insensíveis” e acrescentou que “o governo local somente trabalha na base da pressão”, comentando o recuo de 48 horas, após a reverberação da notícia. A ordem de despejo está suspensa até as 17h, desta quinta-feira (10/2).

O deputado João Cardoso (Avante) também se solidarizou com a AMA-DF durante seu pronunciamento. Por sua vez Leandro Grass (Rede), que anunciou que irá ingressar no Partido Verde, acredita que o GDF já podia ter “construído uma alternativa” que evitasse o despejo. O distrital colocou-se à disposição para trabalhar na solução do caso. Já Eduardo Pedrosa (DEM) conclamou os demais parlamentares a se unirem em favor da organização, cuja remoção considerou “inadmissível”.

Medidas em andamento

Na manhã desta quarta-feira (9/2), o chefe do Executivo local reiterou que a ordem que determinou o despejo da AMA do local onde funciona há 35 anos, em um convênio firmado, foi proposta durante a gestão do ex-governador Rodrigo Rollemberg (PSB), em 2017, pela Secretaria de Saúde. De acordo com Ibaneis, uma reunião será feita ainda nesta quinta-feira (10/2), entre a organização e a pasta da saúde para tratar do assunto.

“Nós vamos encontrar uma solução para que não saiam de lá, ou então que vão para outro local que possa dar o atendimento à comunidade. Eles vão analisar isso nessa reunião, que deve ser feita amanhã”, reiterou. Questionado se pretende entrar em contato com o apresentador, que se colocou à disposição para ajudar, uma vez que tem um filho diagnosticado com autismo e é ativo no movimento, o governador informou que não há “nenhuma necessidade”. “A reunião já havia sido determinada, o ofício já havia sido expedido, a reunião já está marcada. A gente agradece a participação dele como um profissional da comunicação, mas as medidas já estão sendo adotadas”, pontuou.

Apelo nas redes sociais

O vídeo comovente publicado por Mion fala sobre os motivos apresentados pela Secretaria de Saúde para o despejo e fechamento da AMA-DF. “A justificativa do governo para o despejo é de que o espaço vai ser utilizado agora para abrigar ex-detentos com problemas psiquiátricos”, explicou o apresentador.

“Essa é outra causa que merece sim atenção do Estado, mas porque não manter a AMA-DF no lugar que ela está instalada há mais de 30 anos e criar um novo espaço para atender os ex-detentos?”, questionou Mion. Como o apresentador do programa Caldeirão falou, a AMA presta atendimento especializado de tratamento e diagnóstico de autismo de nível 3, que é o mais severo, há cerca de 35 anos. “Perder a AMA-DF, que realiza um trabalho voluntário e único em Brasília, não pode ser uma opção”, exclamou Mion.

Para tentar reverter a situação, o apresentador apelou pelo apoio do Poder Executivo do Distrito Federal para que a decisão seja revista. “Que vocês conheçam o trabalho da AMA-DF, para entender o quanto essa instituição é necessária na vida de muitos autistas e de muitas famílias. Eles contam com esse atendimento. Nós da comunidade autista estamos aqui aguardando uma resposta”, disse.