O ano letivo para os estudantes da rede pública de ensino do Distrito Federal começa na próxima segunda-feira (14/02) com a retomada das aulas 100% presenciais e turno normal de cinco horas nas turmas regulares. Somente terão direito ao ensino remoto os alunos imunossuprimidos, com algum tipo de comorbidade declarada por laudo médico. Segundo a secretária de Educação do DF, Hélvia Paranaguá, o foco da pasta neste ano é a recomposição das aprendizagens. "Vamos olhar para esses alunos que não foram alfabetizados na pandemia. Fomos pegos de surpresa e não tínhamos a tecnologia para atingir todos os alunos", disse, em coletiva.
A secretária anunciou que o Governo do Distrito Federal (GDF) não exigirá comprovação de vacinação de alunos e professores para o acesso às escolas públicas da rede. "Nesse momento, em que 66% dos nossos estudantes deveriam estar alfabetizados e não estão, qualquer objeção que fizermos para o retorno será uma segregação muito maior", afirmou. "Eu não vou permitir que essa criança entre na escola sendo que eu quero que ela retorne ao ambiente escolar?", questionou.
Paranaguá garantiu que o GDF tem condições de vacinar todas as crianças de 5 a 11 anos, pelo menos com a primeira dose, até o início das aulas. Até sábado, as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) estarão vacinando especificamente crianças nessa faixa etária. "Nós já temos quase 80% de crianças de 12 a 18 anos vacinadas e estamos em segundo lugar no país na faixa etária de 5 a 11 anos. Portanto a campanha de vacina vai bem."
De acordo com os últimos dados da Secretaria de Saúde, até ontem, quase 100 mil crianças entre 5 e 11 anos estavam vacinadas com a primeira dose. Entre os adolescentes de 12 a 17 anos, 236,5 mil tomaram a D1 e 179,3 estão imunizados com a D2. Já entre os funcionários da educação, 24,2 mil tomaram a primeira vacina e 52,3 mil estão com o ciclo vacinal completo.
Avaliação diagnóstica
Com o objetivo de identificar os prejuízos causados pela pandemia e pelo ensino remoto na alfabetização das crianças, a Secretaria de Educação vai aplicar uma avaliação diagnóstica em toda a rede pública, para alunos do 2º ano do ensino fundamental até a 3ª série do ensino médio e também para estudantes do Ensino de Jovens e Adultos (EJA). Segundo Paranaguá, as escolas terão um mês para acolher os alunos antes da prova. Os resultados desse diagnóstico influenciarão decisões futuras.
"Teremos noção das perdas que nossos estudantes tiveram nesse período para que, assim, possamos entrar com ações pedagógicas para recompor essas aprendizagens perdidas", disse a chefe da pasta, que justificou a decisão baseada em uma pesquisa divulgada pela entidade Todos Pela Educação, que revela uma situação um aumento de 66,3% no número de crianças de 6 e 7 anos que estão analfabetas.
O levantamento feito pela ONG apontou que houve um crescimento de 1 milhão de crianças de 6 e 7 anos que não sabem ler e escrever durante a pandemia da covid-19. O número de crianças com essa idade que, segundo a percepção dos pais, não estão alfabetizadas passou de 1,4 milhão em 2019 para 2,4 milhões em 2021.
Até a tarde de ontem, a rede pública do DF registrou 430,7 mil alunos matriculados nas 686 escolas. Em relação ao ano passado, quando 446 mil matrículas, o número caiu cerca de 3,4%,. A secretária de Educação disse, ainda, que a pasta vai trabalhar na busca ativa dos alunos que não se matricularam. "Nós precisamos identificar essas crianças e agora, com cruzamento de dados, nós temos como saber exatamente qual estudante não voltou e a causa. Não podemos deixar um estudante sequer para trás", garantiu.
Durante o evento, Hélvia Paranaguá anunciou que a Secretaria de Educação deve depositar, até sexta-feira, a primeira parcela do benefício Cartão Material Escolar para todas as famílias que fazem parte do programa. "Todas as secretarias estão trabalhando conjuntamente, para que amanhã a gente libere o recurso para o BRB e, na sexta (11/02), o banco efetue a liberação do recurso para as famílias", disse.
Outro anúncio feito na coletiva foi a realização de concurso público para a admissão de professores. Segundo a subsecretária de gestão de pessoas, Ana Paula Aguiar, a Secretaria de Educação obteve nesta semana a delegação de competência para tanto, e a próxima etapa é a aprovação do projeto básico. Em seguida, o chamamento para as empresas interessadas no certame. "A gente espera que isso seja num prazo bem rápido mesmo", explicou.
Ao todo, serão 776 vagas imediatas para professores e 3 mil vagas para o cadastro reserva. No caso de pedagogo e orientador educacional, serão disponibilizadas 20 vagas imediatas e 80 de cadastro reserva.