Acusado de matar mãe e filha no Sol Nascente em 9 de dezembro de 2021, Jeferson Barbosa dos Santos, 26 anos, apresenta uma “personalidade muito alterada”. A descrição é do delegado à frente do caso, Thiago Peralva, adjunto da 19ª Delegacia de Polícia (P Norte). O suspeito foi preso na noite desta terça-feira (8/2) em Luís Eduardo Magalhães, na Bahia. Ao Correio, Thiago relatou que a equipe policial deixou a capital do país por volta de 16h desta terça-feira, com destino ao estado baiano.
“Desde o momento que o prendemos, eu tentei conversar com ele (Jeferson). No começo da viagem (de volta ao DF) ele ficou calado, respondeu de forma fria (as perguntas), depois ficou agressivo, debochado, mudando o tipo de comportamento. Ele tem uma personalidade muito alterada e instável, muda muito rápido”, detalha Thiago.
Escondido na casa de familiares, ao ver que sua foto estava sendo amplamente divulgada e que a polícia sabia que ele estava na Bahia, Jeferson ficou com medo de “ser morto”. “Ele pediu para um familiar nos procurar falando que ele (Jeferson) se entregaria, mas com algumas condições: a primeira é que só se entregaria para a polícia do DF, nenhuma outra, nem mesmo a da Bahia; a outra condição é que no momento da prisão ele queria que algum familiar dele estivesse presente. A partir daí, costuramos esse acordo”, conta o delegado.
A polícia chegou com o suspeito de volta à capital Federal por volta de 3h30 desta quarta-feira (9/2), e Thiago já deu início às oitivas com Jeferson. O próximo passo é concluir o inquérito. “Tenho 30 dias para terminar a investigação, que é o prazo da prisão temporária dele. Durante esse período, vou esclarecer o único ponto que falta, que é se havia mais alguém no local do crime. Até o momento, ele (Jeferson) foi visto sozinho”, pontua.
Sobre o crime, Thiago diz que Jeferson não comentou o ocorrido. “Ele confirmou que estava no local, no dia e horário do crime. Que estava no córrego, desceu na cachoeira, mas diz que foi para fumar um cigarro de maconha e depois foi embora”, narra o delegado.
Relembre
Grávida de quatro meses, Shirlene Ferreira da Silva, 38 anos, saiu de casa às 14h30, na companhia da filha, Tauane Rebeca da Silva, 14. Por volta das 18h30, o marido, Antônio Silva, chegou em casa e perguntou pela mulher ao filho mais novo do casal. Em resposta, o garoto disse que as duas haviam saído para ir até o córrego e não haviam retornado até então. Preocupados, os familiares registraram boletim de ocorrência por desaparecimento na 23ª Delegacia de Polícia (P Sul). Mãe e filha deixaram os celulares em casa antes do passeio.
Uma força-tarefa foi montada para buscar as duas mulheres, com cães farejadores, mergulhadores e helicópteros do CBMDF e da Divisão de Operações Especiais da PCDF (DOE). As equipes encontraram um guarda-chuva à margem do córrego. Os investigadores localizaram os corpos após 11 dias de buscas, distante cerca de 500 metros do córrego.
Mãe e filha estavam uma ao lado da outra, com metade dos corpos enterrados sob um lamaçal e a outra parte coberta por folhas. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que Shirlene foi atingida 37 vezes com golpes de facas, provavelmente em uma tentativa de proteger a filha, Tauane, do agressor, avalia a polícia.