Mesmo com a proibição do Governo do Distrito Federal, por meio de decreto publicado em janeiro, centenas de pessoas se reuniram para desfilar num bloco de pré-carnaval que começou na noite de quinta-feira e só parou na madrugada de ontem, percorrendo várias quadras comerciais da Asa Norte. Comerciantes e moradores da região contaram ao Correio que foram surpreendidos pela algazarra e que a concentração do bloco aconteceu na 408 Norte, e passou pela 410 e pela 413.
A Polícia Militar (PMDF) e a Secretaria DF Legal foram chamadas ao local para intervir. A pasta informou que os integrantes não estavam utilizando máscaras no momento da abordagem, além de não estarem respeitando o distanciamento, mas acrescentou que não foi possível identificar os organizadores do bloco. "Para não prejudicar os comerciantes, que não tinham relação com a folia não autorizada, foi solicitado e acordado por eles que os estabelecimentos fechassem enquanto ocorria a dispersão das pessoas, para que não corressem o risco de serem multados", revelou o DF Legal.
Repercussão
Um morador, que não quis se identificar, relatou que a família mora na 410 Norte há 42 anos e considerou o ocorrido como uma falta de respeito. "Vivemos um momento de pandemia, com milhares de pessoas ainda doentes, no hospital ou morrendo, e a gente ficou impressionado com a quantidade de gente que estava ali", comentou. No bloco, ainda de acordo com o morador, poucas pessoas estavam utilizando máscara, confirmando a informação dada pelo DF Legal. "Não é momento da gente estar se aglomerando dessa forma, eu acho que o momento disso acontecer vai voltar, mas, por enquanto, a gente precisa ter consciência, respeito e esperar o momento disso acontecer", lamentou.
O Correio procurou um dos estabelecimentos por onde o bloco passou. João Vitor de Oliveira é proprietário do bar e restaurante Recanto Favorito, no bloco D da 410 Norte. O dono do estabelecimento, que está no ponto desde 2017, afirma que não teve nada a ver com o fato. De acordo com João, o bloco estava passando pela quadra e parou em frente ao bar, por cerca de cinco minutos. O proprietário comenta que não concorda com o ocorrido e, desde que a pandemia se instaurou, respeita as normas de saneamento, o distanciamento, além de todas as precauções que são indicadas pelas autoridades de saúde.
Prevenção
João também destaca que não tem segurança de trabalhar na pandemia. "Fiquei extremamente preocupado ontem, quando o bloco passou pela quadra", protestou. O empresário explica que o ocorrido não corresponde à forma de trabalhar do bar. "Todo mundo está passando por esse período de crise, uma pandemia que tirou e está tirando a vida de muitas pessoas. Nós, como uma empresa, temos uma função social, e a gente preza por ela ao máximo", ressalta João. "Qualquer tipo de aglomeração ou evento, que seja irresponsável e traga mais malefícios do que benefícios a nossa comunidade, é fortemente repreendido por nós", frisou João.
Na tentativa de combater as festas clandestinas, o GDF vai intensificar a fiscalização durante o feriado de carnaval. As equipes de segurança e órgãos fiscalizadores, como os agentes da DF Legal, farão uma força-tarefa que contará com policiais civis, militares, bombeiros, agentes do Departamento de Trânsito (Detran) e do DF Legal, da Vigilância Sanitária, do Procon, do Instituto Brasília Ambiental (Ibram) e da Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob).
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.
O que pode e o que não pode?
Fonte: GDF
Proibidos:
- Eventos carnavalescos (pagos ou não), sejam eles bailes, shows, blocos, desfiles ou em bares, restaurantes, casas de festas, casas noturnas, etc;
- Shows e festivais com cobrança de ingresso ou qualquer contribuição do público, ainda que revertida em consumo;
- Bares, restaurantes, boates e casas noturnas que tenham espaço para dança;
- Festas com cobrança de ingresso.
Permitidos:
- Funcionamento de bares com música ao vivo, sem cobrança de ingresso e sem pista de dança;
- Shows, festivais sem cobrança e sem espaço para dança;
- Eventos esportivos, mediante uso de máscara pelos participantes;
- Casas e estabelecimentos de festas (casamento, aniversário ou batizado) sem cobrança de ingressos ou contribuição;
- Festas privadas, em condomínios e residências, sem cobrança de ingresso e/ou qualquer contribuição.