Entrevista | Forland Oliveira Silva, Integrante do Conselho Federal de Farmácia (CFF)

Autoteste só orienta

Ao CB.Saúde, especialista destaca que os produtos que serão vendidos para que a população verifique, em casa, se está com covid-19 não são suficientes para um diagnóstico preciso, mas uma indicação de infecção, que deve ser investigada por médico ou laboratório

Arthur de Souza
postado em 25/02/2022 00:01
 (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

O autoteste de covid-19, autorizado recentemente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é orientativo e deve ser usado com um teste de farmácia ou laboratorial. "Ele foi adaptado para que o usuário consiga fazê-lo em casa, sem equipamentos ou muito conhecimento técnico. Basta, apenas, que a pessoa siga o que vai estar na bula, para que se consiga um bom resultado", explicou o farmacêutico, integrante do Conselho Federal de Farmácia, especialista em farmacologia clínica e mestre em patologia molecular, Forland Oliveira Silva, em conversa com a jornalista Carmen Souza, durante o programa CB.Saúde — parceria do Correio com a TV Brasília.

Para que serve o autoteste
de covid-19?

Esse é um teste orientativo, que vai servir de apoio para o que já temos disponível. Nós temos muitos casos de pacientes com sintomas respiratórios, que estão cumprindo isolamento sem estar com a covid-19. Então, os autotestes devem ajudar nesses casos.

Ele pode ser apresentado para locais que exigem um resultado negativo de covid para entrada
do turista?

Isso tem sido uma dúvida bem comum. O resultado do autoteste, como foi dito, é orientativo, não serve para essa finalidade, assim como não serve para liberação de entrada em eventos esportivos. Para esse tipo de situação, deve ser feito o teste em uma farmácia ou um laboratório de análises clínicas.

O que diferencia o autoteste dos demais tipos que já existem?

Os testes que foram autorizados, agora, para o modelo de auto execução, são aqueles que pesquisam o antígeno — uma pequena fração do vírus que é detectada na fase inicial da doença. Enquanto isso, aqueles que fazem a pesquisa do material genético, se enquadram na categoria do PCR. No caso desses autotestes, a margem de segurança é um pouco menor. Por isso, o recomendado é fazê-lo entre o primeiro e o sétimo dia de sintomas, em que nós temos uma chance maior de encontrar esses antígenos. É bom lembrar que esse teste é diferente daquele que é realizado no laboratório e que, também, tem sido realizado nas farmácias. Ele foi adaptado para que o usuário consiga fazê-lo em casa, sem equipamentos ou muito conhecimento técnico. Basta, apenas, que a pessoa siga o que vai estar na bula, para que se consiga um bom resultado.

Não seguir o passo a passo pode interferir no resultado do exame?

Com certeza. É importantíssimo que as recomendações sejam respeitadas na hora do teste. É assim que é feito nos laboratórios e nas farmácias, então, é assim que deve ser feito em casa. A avaliação desses testes, para que houvesse a aprovação, foi feita seguindo os requisitos. À medida que nós não a cumprimos, estaremos criando variáveis que podem comprometer o resultado do teste.

Pensando em resultados. Deu positivo, o que eu devo fazer?

Nós temos que considerar, primeiramente, que o teste é orientativo, que vai tirar a dúvida daquele paciente que está em casa, com algum sintoma respiratório, mas tem receio de ir até uma unidade de saúde ou possui alguma dificuldade de locomoção. Diante de um resultado positivo no autoteste, é preciso considerar os aspectos clínicos do paciente. Alguns sintomas mais críticos, como dedos roxos, lábios roxos e falta de ar, requerem a busca imediata do serviço médico-hospitalar. Aqueles que estiverem com sintomas mais leves, como a coriza, podem cumprir o isolamento que, feito de forma precoce, pode ser encurtado para que a pessoa volte mais cedo ao trabalho. Depois do quinto dia de isolamento, você pode voltar às suas atividades, desde que, nas últimas 24 horas, não tenha apresentado mais nenhum sintoma e faça um teste que dê negativo. Nesse caso, o autoteste é válido. O mesmo procedimento, nos casos em que o paciente ainda apresenta algum sintoma no quinto dia, pode ser aplicado após sete ou dez dias. A partir do décimo dia, não é mais necessário apresentar um teste negativo para covid, pois os estudos têm demonstrado que, após esses período, o paciente não estaria mais transmitindo a doença.

E no caso negativo?

Os testes, como um todo, têm limitações, eles dependem de alguns fatores. É possível que o paciente esteja infectado, mas, no momento do teste, o resultado dê negativo. Para isso, nós temos algumas orientações. Se o paciente apresenta sintomas respiratórios mais graves, citados anteriormente, ele deve procurar um serviço de saúde para que seja feito um novo teste, em que se confirme ou descarte a infecção. Há, também, uma outra possibilidade. Se o indivíduo estiver com sintomas leves e der negativo, ele pode repetir o autoteste após dois dias para fazer a confirmação ou descartar a covid.

Realizar o autoteste, sem estar os sintomas, tem sentido?

Sim. A própria Anvisa e o Ministério da Saúde orientam que, se você teve contato com uma pessoa que testou positivo, aguarde cinco dias para realizar o teste, mesmo que não apresente sintomas. Isso é importante pois, mesmo assintomático, o paciente pode transmitir o vírus.

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  •  24/02/2022 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - CB.Saúde entrevista Forland Oliveira Silva, farmacêutico, integrante do Conselho Federal de Farmácias .
    24/02/2022 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - CB.Saúde entrevista Forland Oliveira Silva, farmacêutico, integrante do Conselho Federal de Farmácias . Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  •  24/02/2022 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - CB.Saúde entrevista Forland Oliveira Silva, farmacêutico, integrante do Conselho Federal de Farmácias .
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