Luto

Morre fundador do teatro do Perdiz, aos 89, na madrugada deste domingo

Desde o ano passado, José Perdiz enfrentava problemas do coração, no entanto, este ano ele contraiu covid-19 e não resistiu às complicações do novo coronavírus

Edis Henrique Peres
postado em 20/02/2022 13:29 / atualizado em 20/02/2022 16:11
 (crédito: Breno Fortes/CB/D.A Press)
(crédito: Breno Fortes/CB/D.A Press)

O fundador do Teatro do Perdiz, José Perdiz, 89 anos, morreu na madrugada deste domingo (20/2), após enfrentar problemas no coração. A informação foi divulgada no perfil oficial do teatro no Instagram. No relato, a Oficina explica que o entusiasta do teatro e grande símbolo de resistência já enfrentava problemas no coração desde o ano passado.

A filha mais nova de José, Júlia Karla Cunha Perdiz, de 25 anos, contou ao Correio que o pai estava tendo problemas de arritmia. “Ele até colocou marco-passo (no coração) para ver se melhorava, mas continuou tendo muito problema de desequilíbrio e cansaço. Os problemas vinham desde o ano passado. Então, em janeiro deste ano ele pegou covid-19 e foi quando, por ele já estar debilitado do coração, que ele ficou bem ruim e com pneumonia”, detalha.

Para Júlia, o grande legado deixado pelo pai “é o amor que a gente tem pela arte”. “Valorizamos o trabalho e as pessoas que estão com a gente, essa foi a grande coisa que ele nos ensinou. Meu pai foi um grande trabalhador, um grande cabeça dura também, que defendia as suas ideias até o fim, não abria mão dos seus ideais e nem dos seus princípios”, afirma.

Júlia adiantou à reportagem que pretende fazer uma homenagem a Perdiz no teatro da 710, próximo fim de semana. As informações com os detalhes serão divulgadas no instagram oficial do teatro: @perdiz.teatrooficina

Oficina-teatro

A história da Oficina Perdiz virou um documentário dirigido por Marcelo Díaz quee ganhou o Troféu Candango de Melhor Curta 35mm do DF no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e o Festival Internacional de Curtas São Paulo, de 2007. A história desse projeto começou com a criação da oficina mecânica de José Perdiz em 1969, que ganhou ares de cultura em 1975, quando o mecânico cedeu espaço para ensaios do grupo de teatro do sobrinho, aluno de teatro da Faculdade Dulcina de Moraes.

No fim da década de 1980, o local tornou-se um espaço cultural com a chegada do diretor de teatro Mangueira Diniz e da adaptação da peça Esperando Godot, de Samuel Beckett. Entre 1991 e 1992, o local chegou a receber 7,5 mil pessoas.

No entanto, durante os anos 2000, a oficina enfrentou problemas com o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) por funcionar em área pública. Em setembro daquele ano, um grupo de pessoas realizou um cordão humano para defender o teatro. Já em 2007, a situação se agravou e uma construtora começou obras ao lado do terreno e afetou o telhado da oficina-teatro.

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