Ronaldo Morato, coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)
No DF, a Polícia Ambiental apura denúncia de moradores de que uma onça estaria atacando os animais domésticos. Isso é algo corriqueiro?
Os casos são bastante comuns onde há criações em propriedades próximas das reservas. Por isso, é importante evitar esse tipo de confronto (animal silvestre com as criações) e garantir a proteção dos felinos.
Caso as mortes dos animais domésticos do Lago Oeste sejam consequência de ataque de onça, o que precisa ser feito para evitar novos episódios?
Naquela região, temos um grande número de pequenas propriedades, com diferentes tipos de criação: cavalos, porcos, galinhas, ovelhas. Cada propriedade tem um tipo de manejo específico para a sua atividade. Por isso, para cada caso há uma recomendação diferente. De modo geral, existem algumas técnicas que podem afastar o felino.
Quais são essas técnicas?
O uso de buzina de carnaval; colocar colares com sino e que emitem luz vermelha intermitente no rebanho; e cerca elétrica para contenção dos animais são algumas delas. Nesse último caso, é preciso que a cerca tenha baixa amperagem e voltagem alta para o animal não ficar grudado no fio. O choque funciona como um soco. Também é possível usar cães-guardiães, que são animais que protegem o rebanho. Mas não é qualquer cão, e ele precisa ser treinado, saber o que fazer para proteger os animais. Algumas das raças criadas para este fim são o pastor-maremano-abruzês; o pastor húngaro e o pastor-da-Anatólia.
Não é a primeira vez que onças aparecem naquela região. O que fazer quando ficar de frente com uma onça?
A expectativa é de que, vendo a pessoa, ela desvie do caminho e fuja. Não é o que sempre vai acontecer. Pode ser que ela se assuste e entre em confronto. No caso de adultos, o melhor a fazer é levantar as mãos, bater palmas, gritar, fazer o máximo de barulho. Quanto às crianças, os pais ou os responsáveis devem acompanhá-las e não deixá-las entrar nas áreas de mata.