CB.SAÚDE

"Não tivemos caso de efeito adverso grave", diz médico sobre vacinação infantil

Infectologista pediátrico comentou baixa adesão à campanha de vacinação infantil contra a covid-19 — que, no DF, alcançou apenas 27% do público-alvo em um mês — e explicou por que os imunizantes disponíveis são seguros para elas

Pablo Giovanni*
postado em 10/02/2022 18:25 / atualizado em 10/02/2022 18:28
Médico Bruno Oliveira participou do programa CB.Saúde desta quinta-feira (10/2) -  (crédito:  Ed Alves/CB)
Médico Bruno Oliveira participou do programa CB.Saúde desta quinta-feira (10/2) - (crédito: Ed Alves/CB)

A poucos dias de completar um mês do início, a vacinação do público de 5 a 11 anos contra a covid-19 não alavancou da forma esperada no Distrito Federal. De uma população estimada de 268 mil crianças, apenas 104,5 mil (27%) receberam a primeira dose, segundo a Secretaria de Saúde (SES-DF).

Apesar de o DF estar entre as capitais com maior adesão à campanha, o infectologista pediátrico Bruno Oliveira analisou o que pode ter relação com a pequena porcentagem alcançada até o momento. Em entrevista ao CB.Saúde desta quinta-feira (10/2), o médico falou sobre a importância da imunização e lembrou que as aulas na rede pública de ensino voltam na próxima semana. Apresentado pela jornalista Carmen Souza, o programa é uma parceria do Correio com a TV Brasília.

No entendimento do infectologista, eventos adversos graves não comprovados, propagação de informações falsas — fake news — e eventuais erros na aplicação contribuem para um receio dos pais. "A vacina predominante aqui no Distrito Federal é a CoronaVac, que é a mesma aplicada nos adultos e está disponível nos postos de saúde. Não vemos motivo para uma adesão tão baixa", afirmou.

Questionado sobre a existência de razões clínicas que justifiquem uma procura tardia, Bruno Oliveira destacou que isso varia de acordo com o histórico de cada criança. "Se a criança estiver com sinais febris ou gripais, o ideal é que se adie a vacinação até que os sintomas se resolvam. Em caso de covid-19, o ideal é aguardar 30 dias para iniciar o ciclo de vacinação contra a doença. Para crianças que se imunizaram com outras doses do calendário vacinal, o ideal é dar um intervalo de 15 dias entre elas. Fora isso, não existem outros motivos", pontuou o médico.

Bruno ressaltou que os imunizantes liberados são seguros, testados e amplamente usados no restante do mundo. "Em crianças, não conheço nenhum relato de efeito adverso grave. No começo, tivemos informações sobre vacinação errada (com doses) da Pfizer (para adultos), mas essas crianças foram acompanhadas. Nas últimas semanas, não tivemos mais casos disso. E não tivemos caso de efeito adverso grave", reforçou.

Volta às aulas

Questionado sobre a retomada das aulas presenciais nas redes pública e privada, o infectologista reconhece que o tema envolve decisões complexas. Além disso, Bruno mencionou um levantamento da ONG Todos pela Educação, divulgado na terça-feira (8/2), que revela um aumento de 1 milhão na quantidade de crianças de 6 a 7 anos que não sabem ler e escrever. A alta ocorreu durante a pandemia da covid-19 no país.

"Acredito que tenhamos perdido um pouco de tempo com a vacinação infantil por outras questões, como a compra, disponibilidade e distribuição. Agora, temos tido outro problema, que são pais bastante relutantes para levá-las para vacinar. Estamos perdendo uma oportunidade de imunização delas para voltar à normalidade com escolas abertas, mesmo com protocolos como distanciamento e uso de máscaras. É provável que os casos aumentem por causa do contato das crianças", avalia o infectologista pediátrico.

Confira a íntegra do programa:

*Estagiário sob supervisão de Jéssica Eufrásio

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