Um caso bárbaro que gerou repercussão em todo o DF ganhou um novo capítulo. Na tarde de 20 de dezembro do ano passado, Shirlene Ferreira da Silva, de 38 anos, grávida de 4 meses, e a filha, Tauane Rebeca da Silva, 14, foram encontradas sem vida parcialmente enterradas em um córrego do Sol Nascente. As duas estavam desaparecidas há 11 dias. Após uma intensa investigação, policiais civis da 19ª Delegacia de Polícia (P Norte) identificaram o principal suspeito de cometer o duplo homicídio. Jeferson Barbosa dos Santos, 26, é procurado pela polícia.
A Justiça do DF expediu o mandado de prisão contra o acusado. O homem morava com a esposa no Sol Nascente e, um dia antes das vítimas serem localizadas, ele fugiu para a Bahia. Shirlene e Tauane saíram de casa em 9 de dezembro para tomar banho no córrego. As duas levaram apenas uma sombrinha e uma lancheira com água. Durante o período em que estiveram desaparecidas, a PCDF trabalhou com a hipótese de fuga, sequestro, afogamento, homicídio e latrocínio.
Onze dias depois, as duas foram localizadas em uma região de mata, cerca de 200 metros de distância da cachoeira, com os corpos cobertos por folhas. Laudo do Instituto de Medicina Legal (IML) concluiu que Shirlene foi morta com 37 facadas. Tauane também foi assassinada por arma branca e foi estrangulada.
Dinâmica do crime
A investigação minuciosa da PCDF contou com o depoimento de testemunhas oculares, que afirmaram terem visto as duas indo rumo ao córrego. Ao longo da apuração, o delegado à frente do caso, Thiago Peralva, adjunto da 19ª DP, ouviu uma testemunha crucial. No relato, a pessoa afirmou que Jeferson desceu para o mesmo local, no mesmo horário. “Toda vez que desce uma pessoa para o córrego, os cachorros latem. Essas testemunhas só repararam que o autor tinha descido, porque os cachorros latiram. Ele desceu e não mais retornou. Depois disso, ninguém mais passou ali”, afirmou.
Na região, Jeferson se auto intitulava como o “cara que se dava bem com as mulheres do córrego'', fato também determinante para a autoria do crime. “As mulheres que desciam ali, ele investia, com base nos depoimentos colhidos”, acrescentou o investigador.
Shirlene era vista como uma mãe superprotetora em relação à Tauane, mais até do que os outros filhos. Testemunhas informais relataram que para defender os filhos, a mulher era capaz de tudo. Com base nisso, a polícia traçou uma linha de investigação. Segundo o delegado, Jeferson teria tentado “investir” contra a adolescente, motivo pelo o qual Shirlene teria defendido a filha. “Ela foi morta com 37 facadas e foi comprovado lesões de defesa. Acreditamos que, no calor da emoção, ela tenha tentado defender a Tauane.”
Tauane foi encontrada somente de calcinha. O short dela estava a poucos metros do local dos corpos. Apesar disso, não foi possível coletar o material biológico das cavidades sexuais para fazer qualquer confronto, de modo a comprovar se houve ou não violência sexual contra as vítimas.
“Ele foi visto no local do crime, na hora do crime. Analisando essa característica da Shirlene, o laço de afetividade que ela tinha com a menina, acreditamos nessa hipótese: que ele tentou investir em Tauane, mas a mãe foi morta ao defendê-la”, destacou Peralva.
Fuga
Um dia antes da localização dos corpos, em 19 de dezembro Jeferson avisou aos familiares que iria passar o Natal na Bahia e voltaria em 10 dias, mas não retornou. De outro estado, ele ligou diversas vezes para os parentes chorando e pedindo para que rezassem por ele, demonstrando que tinha algo de errado.
“Toda a postura dele após o crime demonstra que teve envolvimento na morte delas. Agora, como realmente aconteceu de fato, isso só ele poderá dizer”, frisou o delegado. Jeferson vai responder pelos crimes de homicídio qualificado, aborto e ocultação de cadáver.
A PCDF pede para que, quem souber do paradeiro de Jeferson, ligue para o número 197 da Polícia Civil. O sigilo é garantido.
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