Tragédia

Família de ciclista morto na Estrutural aguarda liberação do corpo no IML

Joelson Fernandes pedalava na via quando foi atingido por um criminoso que fugia da polícia com um carro roubado

Renata Nagashima
postado em 04/02/2022 14:00 / atualizado em 04/02/2022 14:20
 (crédito: Reprodução/Redes Sociais )
(crédito: Reprodução/Redes Sociais )

A família de Joelson Fernandes, 38 anos, aguarda a liberação do corpo do ciclista no Instituto Médico Legal (IML). Atropelado por um criminoso em fuga durante uma perseguição policial, na última quinta-feira (3/2), na Via Estrutural, o ciclista era um atleta de alta performance e estava treinando na pista, como fazia todos os dias. Após ser atingido pelo carro, o esportista foi arremessado a cerca de quatro metros de distância. O sepultamento deve ocorrer no próximo sábado (5/4).

A irmã de Joel, Mônica Fernandes, 37 anos, contou ao Correio que ficou sabendo do acidente por meio de terceiros. “Eles viram no jornal e ligaram para a gente”, disse, bastante abalada. Segundo ela, o irmão era muito apegado à família. “Um amor de pessoa, um menino excelente. Era trabalhador e cheio de planos e projetos”, relatou Mônica. Joel era vigilante e tinha aberto um negócio de revisão de bicicletas há menos de uma semana.

Uma vida melhor

De família humilde, Joel, a mãe e as três irmãs vieram para o Distrito Federal em 1994, em busca de uma vida melhor. “Ele sempre trabalhou e ajudou em casa. Era um ótimo menino”, disse Mônica. A mãe do ciclista, Hilda Maria dos Santos, está inconformada e o pai, debilitado, não processou a notícia. “Minha mãe está destruída. O pai não tem muita noção das coisas”, explicou. Joel cresceu sem a presença do pai, mas, no último ano, por estar delimitado, trouxe ele da Bahia para cuidar.

Na Bahia, o atleta começou a trabalhar muito cedo, como engraxate de sapatos pelas ruas de Jacobina. “As dificuldades, que não foram poucas, levaram pra longe de mim o sonho de criança, que era ter uma bicicleta. Aprendi a andar já na minha pré-adolescência. Minha primeira bike não era minha, só que a sensação era de ser o dono”, disse no texto.

Aos 16 anos, quando trabalhava em uma vidraçaria, ele comprou a primeira bicicleta. O contato com o ciclismo veio quando o atleta enfrentava o início de uma forte depressão, há aproximadamente 10 anos. “A bike foi minha aliada para minha cura. Com a ajuda dela, saí do sedentarismo e turbinei a vontade de viver, me deu qualidade de vida, conheci lugares incríveis, fiz amizades com pessoas que viraram irmãos, me colocou nas competições fazendo de mim um atleta amador”, relatou a vítima no depoimento.

Entenda

Um incidente envolvendo um carro roubado e perseguição policial teve fim trágico para Joelson na tarde de quinta-feira (3/2), na pista Norte da via Estrutural. Segundo informações da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), Genival Pereira da Silva, 47, emplacou fuga em um carro roubado em direção à região de Ceilândia. Fontes policiais informaram que o criminoso recebeu R$ 500 para cometer o roubo. Ao perceber que estava sendo seguido, perdeu o controle do veículo, atropelou Joelson e bateu em outro carro, ferindo um casal. O ciclista morreu na hora e as outras duas vítimas foram encaminhadas ao Hospital de Base.

O homem acusado de atropelar e matar o esportista cumpria o regime semiaberto no Centro de Progressão Penitenciária (CPP), no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). O Correio apurou que Genival respondia por um homicídio consumado, um tentado e roubo.

O condutor do outro veículo envolvido no acidente, Elino, 32 anos, apresentava dores no tórax e membros inferiores, e a passageira, Sandra, 54, queixava-se de dor abdominal e no pescoço. No momento do crime, Genival usava uma luva nas mãos para evitar deixar marcas no interior do carro. Ele acabou preso em flagrante e encaminhado para a 8ª Delegacia de Polícia (Estrutural).

 

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