A família de Joelson Fernandes, 38 anos, aguarda a liberação do corpo do ciclista no Instituto Médico Legal (IML). Atropelado por um criminoso em fuga durante uma perseguição policial, na última quinta-feira (3/2), na Via Estrutural, o ciclista era um atleta de alta performance e estava treinando na pista, como fazia todos os dias. Após ser atingido pelo carro, o esportista foi arremessado a cerca de quatro metros de distância. O sepultamento deve ocorrer no próximo sábado (5/4).
A irmã de Joel, Mônica Fernandes, 37 anos, contou ao Correio que ficou sabendo do acidente por meio de terceiros. “Eles viram no jornal e ligaram para a gente”, disse, bastante abalada. Segundo ela, o irmão era muito apegado à família. “Um amor de pessoa, um menino excelente. Era trabalhador e cheio de planos e projetos”, relatou Mônica. Joel era vigilante e tinha aberto um negócio de revisão de bicicletas há menos de uma semana.
Uma vida melhor
De família humilde, Joel, a mãe e as três irmãs vieram para o Distrito Federal em 1994, em busca de uma vida melhor. “Ele sempre trabalhou e ajudou em casa. Era um ótimo menino”, disse Mônica. A mãe do ciclista, Hilda Maria dos Santos, está inconformada e o pai, debilitado, não processou a notícia. “Minha mãe está destruída. O pai não tem muita noção das coisas”, explicou. Joel cresceu sem a presença do pai, mas, no último ano, por estar delimitado, trouxe ele da Bahia para cuidar.
Na Bahia, o atleta começou a trabalhar muito cedo, como engraxate de sapatos pelas ruas de Jacobina. “As dificuldades, que não foram poucas, levaram pra longe de mim o sonho de criança, que era ter uma bicicleta. Aprendi a andar já na minha pré-adolescência. Minha primeira bike não era minha, só que a sensação era de ser o dono”, disse no texto.
Aos 16 anos, quando trabalhava em uma vidraçaria, ele comprou a primeira bicicleta. O contato com o ciclismo veio quando o atleta enfrentava o início de uma forte depressão, há aproximadamente 10 anos. “A bike foi minha aliada para minha cura. Com a ajuda dela, saí do sedentarismo e turbinei a vontade de viver, me deu qualidade de vida, conheci lugares incríveis, fiz amizades com pessoas que viraram irmãos, me colocou nas competições fazendo de mim um atleta amador”, relatou a vítima no depoimento.
Entenda
Um incidente envolvendo um carro roubado e perseguição policial teve fim trágico para Joelson na tarde de quinta-feira (3/2), na pista Norte da via Estrutural. Segundo informações da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), Genival Pereira da Silva, 47, emplacou fuga em um carro roubado em direção à região de Ceilândia. Fontes policiais informaram que o criminoso recebeu R$ 500 para cometer o roubo. Ao perceber que estava sendo seguido, perdeu o controle do veículo, atropelou Joelson e bateu em outro carro, ferindo um casal. O ciclista morreu na hora e as outras duas vítimas foram encaminhadas ao Hospital de Base.
O homem acusado de atropelar e matar o esportista cumpria o regime semiaberto no Centro de Progressão Penitenciária (CPP), no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). O Correio apurou que Genival respondia por um homicídio consumado, um tentado e roubo.
O condutor do outro veículo envolvido no acidente, Elino, 32 anos, apresentava dores no tórax e membros inferiores, e a passageira, Sandra, 54, queixava-se de dor abdominal e no pescoço. No momento do crime, Genival usava uma luva nas mãos para evitar deixar marcas no interior do carro. Ele acabou preso em flagrante e encaminhado para a 8ª Delegacia de Polícia (Estrutural).
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