A vida na terra mudou a partir de 17 de novembro de 2019, quando o governo chinês registrou o primeiro caso de uma doença desconhecida. A ocorrência foi feita na província de Hubei, próximo a Wuhan, local marcado como o primeiro foco do surto da covid-19. Em 31 de dezembro do mesmo ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recebeu o alerta de vários casos de pneumonia na cidade chinesa. Uma semana depois, foi confirmada a identificação de um novo tipo de coronavírus. Assim, tudo começou.
Em março de 2020, a OMS caracterizou a covid-19 como uma pandemia global. Desde então, a chegada do vírus e dos surtos da doença a cada país do mundo vem acompanhada de milhares de mortes, medo e insegurança quanto ao futuro.
Em dois anos de pandemia, o vírus e as variantes que surgiram em sequência alcançaram a marca de mais de 400 milhões de casos e 5,7 milhões de vítimas em sua decorrência. No Brasil, são mais de 26 milhões de casos, com 634 mil mortes até o momento. Na capital federal, o primeiro caso de covid-19 ocorreu em 7 de março daquele ano, quando uma mulher de 52 anos testou positivo após voltar de uma viagem à Europa. De lá para cá, os números passaram de 640 mil contaminações e 11 mil mortes.
Foram 24 meses de restrições a reuniões em grupos, ao uso de transporte público e às viagens. Cuidados para evitar a contaminação — como o uso contínuo de máscaras e a distância entre as pessoas, evitando, inclusive, os abraços em entes queridos tornaram-se hábitos do cotidiano. Com a nova doença circulando mundo afora, a rotina de milhões de pessoas mudou: educação a distância, trabalho remoto, compras on-line. A vida tornou-se cada vez mais dependente da internet. E os planos de trabalho e viagens dos jovens foram frustrados ou adiados, mas não ficaram esquecidos.
Depois de várias ondas de contaminação e uma série de lockdowns, o avanço da vacinação no país e no mundo, finalmente, possibilita que muitos destes sonhos sejam recuperados.
Deixando uma marca
Sarah de Castro Guirra, 20 anos, é moradora do entorno do DF e adotou uma nova atividade em maio de 2020. Passou a ser extensionista de cílios. Ela conta que buscou se especializar na área, por não conseguir nenhuma vaga no mercado formal de trabalho, embora precisasse de renda própria.
Para complementar o orçamento, Sarah vendia alfajor em estabelecimentos comerciais da cidade, um doce caseiro feito por ela mesma. "Tinha dias que conseguia vender tudo; em outros, quase nada. Foi com muita luta que consegui me manter", afirma a designer.
Com a pandemia, pensou em desistir de seus sonhos, mas encontrou motivação nas pessoas próximas. Em meio ao lockdown por causa do surto de covid, a empreendedora vendia os doces e realizava as extensões de cílios em sua casa ou na residência das clientes, pois sem essa renda não teria como sobreviver.
Em janeiro deste ano, a situação ganhou contornos positivos. Sarah reservou um cômodo de sua casa para montar seu estúdio (@studio_bellasdesigner) e não ter que pagar aluguel. Ela focou em seu empreendimento e recebeu ajuda da mãe. Atualmente, as duas aplicam unhas e cílios, fazem micropigmentação e design de sobrancelhas em um salão localizado no Jardim Ingá, entorno do DF.
"Meu objetivo é ter meu estúdio conhecido em todas as partes, expandir para outras cidades, começar a dar cursos, deixar a minha marca. O que mais me motiva é saber que trabalho com o que gosto e, com isso, tiro o meu salário", comemora Sarah.
Felicidade no forró
Tiago Araújo de Lima, 31, começou a dar aulas de forró no Jardim Ingá em novembro de 2014, e faz um trabalho único no bairro em que mora. Ele afirma que sempre existiu uma grande procura pela dança, mas é difícil conservar alunos fixos pela dificuldade que encontram de manter a mensalidade em dia, mesmo com um preço razoável.
Proporcionar ao aluno uma atividade física divertida e leve, já que a dança ajuda a combater doenças como depressão, ansiedade e sedentarismo, tornou-se a principal meta do professor; além de ajudar pessoas tímidas a se expressar pela dança. No entanto, o início da pandemia adiou seu projeto, pois, o forró exige contato físico.
A retomada das aulas veio em setembro de 2021, já com uma turma cheia. "Eu tenho a dança como um modo de levar a vida mais leve. Sei o quanto é importante para as pessoas que participam das aulas e aprendem, lá elas conseguem descarregar o dia estressante que tiveram de forma produtiva. Apesar de não ser minha única fonte de renda, é a que mais me diverte e me deixa feliz", enfatiza Tiago.
"Uma das histórias que me motiva é de uma aluna que nunca tinha dançado, estava passando por um processo de perda, e quando entrou na dança, deu um "click" na vida dela, melhorou a saúde e a autoestima. É o que eu sempre digo: a dança muda vidas", conclui o instrutor. Hoje, as danças acontecem em uma academia, que é a única da região que tem aulas de forró.
Mudança inesperada
Deiviane Linhares, 24, e Thiago Brasil, 30, ambos formados em fotografia e moradores da Asa Sul, se conheceram na faculdade e, depois de alguns meses de amizade, perceberam que eram almas gêmeas. Em 2020, o casal decidiu morar em Portugal.
"Estávamos decidindo local para morar, datas, documentos, com a esperança de termos condições melhores, mais segurança, qualidade de vida e oportunidades. Íamos conscientes de ter uma vida estável e tranquila, nada de luxo ou de 'ficar rico'", conta Deiviane.
Em meio aos preparativos, veio a pandemia e desestabilizou o mundo, especialmente Portugal, onde uma grande crise e ondas de casos fizeram o país ficar em lockdown, fechando fronteiras e fazendo com que Deiviane e Thiago adiassem os planos.
"Infelizmente a pandemia veio com força no Brasil também, fazendo tudo fechar e o desespero vir. Nosso planejamento foi por água abaixo por questão da instabilidade. O euro subiu para mais de 6 reais, havia a insegurança quanto a conseguir emprego em Portugal. Isso tudo sem saber se viria outra onda ou não", lamenta a fotógrafa.
Entretanto, o entusiasmo não acabou. "Nossos planos para 2022 continuam os mesmos, queremos morar em Portugal, mas por motivos financeiros não temos a data certa. Temos esperança de que uma hora vai dar certo".
Português, francês e covid
Vítor Costa e Silva Santos, 21, é estudante de relações internacionais e compreende que é importante saber vários idiomas para o mercado profissional em sua área. Já fluente em inglês, passou a ter interesse em estudar francês, um dos idiomas oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU).
Entretanto, a adaptação para o modelo de ensino remoto complicou o aprendizado. "Tive muita dificuldade para me adaptar. Além de ser uma língua complicada, difícil e nova, eu não conseguia achar a disposição e o ânimo para estudar dentro de casa, não tinha aquele aproveitamento que geralmente se tem no presencial. Senti que no final do primeiro semestre do curso não consegui aprender nada, fui aprovado sem entender. Isso me deixou muito chateado, porque queria aprender de maneira mais eficiente", compartilha.
O estudante adiciona a esses fatos, o fator psicológico e emocional. Por ficar meses sem ver seus amigos, em casa o tempo todo, vendo a situação nos hospitais, com medo de pegar o vírus, sentiu que seu rendimento não foi o ideal. Agora, Vítor está motivado para retomar as aulas, e expandiu seus interesses. O jovem conta que, podendo abandonar o ensino a distância e voltar às aulas presenciais, quer atingir fluência em francês e aprender outras línguas, incluindo a Linguagem Brasileira de Sinais.
*Estagiários sob a supervisão de Layrce de Lima.
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