FEMINICÍDIO /

Dor e revolta em velório

Ana Cristina Farias de Araújo, morta brutalmente a golpes de facão, na terça-feira, no Setor de Indústrias Gráficas (SIG), pelo ex-genro Marcos Fernando Domingos, foi enterrada ontem em Águas Lindas (GO)

Ana Isabel MansurBruna Lessa*
postado em 04/02/2022 00:01
 (crédito: Bruna Lessa/CB/D.A Press)
(crédito: Bruna Lessa/CB/D.A Press)

Barbárie. É assim que Elton André Farias descreve o brutal assassinato que tirou a vida da prima Ana Cristina Farias de Araújo, na terça-feira, em plena luz do dia, no Setor de Indústrias Gráficas (SIG). "Na verdade, o sentimento maior é de dor, pela perda, e de revolta, pela forma brutal que ela foi assassinada", relatou ao Correio, ontem, durante o enterro de Ana Cristina, que reuniu cerca de 20 familiares e amigos da moradora de São Sebastião, no cemitério de Águas Lindas (GO).

A mulher, de 51 anos, foi morta a golpes de facão pelo ex-genro Marcos Fernando Domingos, 26, em frente a uma papelaria. O assassino atingiu a vítima com três golpes na cabeça e um na axila e chegou a decepar uma mão e dedos de Ana Cristina. Quando o socorro chegou, a vítima ainda estava viva, mas, pela gravidade dos ferimentos, o óbito foi atestado no local do crime.

Elton André relata que os familiares estão clamando por justiça. "Quem esteve no local (no SIG) foi o filho dela. Ele está sofrendo bastante, assim como toda a família. Realmente, foi uma barbárie o que ele fez com ela. A gente só pede agora por justiça", lamentou o homem, que teme pela vida dos demais familiares, caso Marcos Fernando não seja condenado. O assassino namorou a filha de Ana Cristina por cerca de cinco meses.

Justiça

Marcos Fernando foi preso seis horas depois do crime. Ele estava escondido em São Sebastião, onde também morava, na casa de uma ex-namorada, também vítima de violência doméstica praticada por ele. Na manhã de quarta-feira, durante audiência de custódia do Núcleo de Audiência de Custódia do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), a juíza substituta Paula Afoncina Barros Ramalho converteu a prisão do assassino de flagrante para preventiva.

A filha de Ana Cristina chegou a registrar boletim de ocorrência contra Marcos Fernando em junho do ano passado, por violência doméstica, e pediu medidas protetivas. A solicitação foi atendida pela Justiça, mas o homem começou a descumprir a decisão em janeiro de 2022. Ele tentava conseguir o contato da filha da vítima, e por isso passou a perseguir a ex-sogra.

No mês passado, cerca de 15 dias antes do assassinato, Ana Cristina também conseguiu da Justiça concessão de medidas protetivas em caráter de urgência. Nas declarações prestadas na delegacia, ela informou que Marcos Fernando ameaçava-a de morte e dizia que a encontraria e a faria entregar o paradeiro da filha, para matá-la. O criminoso também afirmava que mataria Ana Cristina e qualquer outro membro da família que encontrasse. Marcos Fernando ameaçava a vítima por meio de mensagens, dizendo que só descansaria depois de "arrancar o pescoço" da filha de Ana Cristina.

*Estagiária sob a supervisão de Adson Boaventura

 

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